Em todos os aspectos da nossa vida, somos constantemente apresentados a soluções prontas. É uma atualização da canção “Diariamente”, de Marisa Monte: Para calar a boca, o botão “Silenciar” do Instagram. Para lavar a roupa, lavanderia do bairro. Para viagem longa, aplicativo do celular. Para difíceis contas, inteligência artificial.

No entanto, a psicologia propõe um caminho diferente. Ela nos convida a fazer uma pausa e a prestar atenção ao nosso ambiente, às nossas relações e à nossa autopercepção. Em vez de fornecer respostas prontas, a psicologia nos ajuda a compreender quais são as perguntas que devemos fazer. Nesse processo, ela nos auxilia a explorar as angústias cotidianas, a redescobrir desejos esquecidos e a sermos mais autênticos nas nossas relações.

Para aqueles que chegam ao consultório pela primeira vez, explico que o papel do psicólogo não é dizer o que fazer, mas refletir com o paciente sobre as possíveis ações a serem tomadas. Geralmente, quem busca a terapia deseja mudar algo, e reconhecer isso buscando ajuda é o primeiro passo.

Durante uma sessão de psicoterapia, reservamos um tempo específico para explorar um dos maiores mistérios da vida: você mesmo. Podemos examinar eventos significativos do seu passado, investigar o que você deseja mudar agora ou aprender a não levar tudo tão a sério. O humor, por exemplo, pode ter um efeito catártico e ajudar a aliviar a ansiedade.

O trabalho terapêutico impacta positivamente em várias áreas da vida — profissional, familiar, amorosa — e pode ajudar a modificar hábitos ou percepções enraizadas. Em vez de buscar uma “cura”, focamos em aliviar o sofrimento. Estar vivo também implica enfrentar medos, decepções e perdas – e o objetivo não é remover isso. Muitos procuram no consultório uma solução rápida, um diagnóstico que defina quem são ou uma fórmula mágica.

Isso reflete a cultura de terceirização de serviços na qual vivemos, em que esperamos que tudo seja uma grande experiência definidora e de preferência sem frustrações. Há uma lista de séries a assistir, restaurantes a conhecer e livros a ler – todos estão falando sobre isso. O espaço para o acaso é limitado, não nos perdemos no caminho porque ele já está traçado de antemão.

A terapia oferece uma perspectiva diferente. Nem tudo precisa ter uma resposta definida, e aprender a conviver com a incerteza pode abrir espaço para o crescimento pessoal e a exploração de novos caminhos por conta própria.