Sexta-feira, 22 de Agosto de 2025

Artigo: ‘A aprovação presidencial como prenúncio eleitoral: Lula caminha para a reeleição em 2026’, por Rafael Guedes

2025-08-21 às 09:49
Foto: Ricardo Stuckert/PR

Os índices de aprovação de um governo no ano anterior às eleições são, historicamente, bons indicadores do desempenho eleitoral do presidente candidato à reeleição. Comparar os casos de Dilma Rousseff em 2014, Jair Bolsonaro em 2022 e Lula em 2026 permite observar uma tendência consistente: presidentes com aprovação superior a 40% têm chances reais de vitória — e aqueles abaixo desse patamar enfrentam sérias dificuldades. Os dados mais recentes colocam o presidente Lula em uma posição confortável para buscar a reeleição no ano que vem.

Segundo a pesquisa Genial/Quaest divulgada em agosto de 2025, a aprovação do governo Lula subiu de 43% para 46%, enquanto a reprovação se manteve estável em 51%. Esse crescimento ocorre em meio à retomada do crescimento econômico, à desaceleração da inflação e à recuperação da imagem internacional do Brasil diante das derrapadas de Trump e da família Bolsonaro. Mesmo com críticas eventuais ao governo e tensões pontuais no Congresso, o avanço da aprovação indica fortalecimento político, algo crucial em ano pré-eleitoral.

O cenário atual contrasta fortemente com o que Jair Bolsonaro enfrentava no mesmo momento. Em julho de 2021, conforme pesquisa Datafolha, apenas 22% dos brasileiros avaliavam seu governo como ótimo ou bom, enquanto 51% o consideravam ruim ou péssimo. Esse derretimento de apoio, impulsionado pela condução da pandemia e crises institucionais, se refletiu nas urnas: Bolsonaro perdeu para Lula no segundo turno, mesmo com o uso intensivo da máquina pública e tentativas de manipulação do processo eleitoral flagrantes.

Já em 2014, Dilma Rousseff iniciou agosto com 38% de aprovação, segundo o Datafolha, após ter registrado quedas significativas no ano anterior, em meio às manifestações de 2013. Ainda assim, esse índice foi suficiente para garantir sua reeleição, mesmo em um pleito acirrado.

A comparação revela um padrão claro: presidentes que chegam ao ano pré-eleitoral com aprovação acima de 40% tendem a se reeleger, ainda que com alguma dificuldade. Com 46% de aprovação, Lula não apenas supera esse patamar como o faz em um momento de estabilidade institucional e recuperação econômica — o oposto dos cenários enfrentados por seus antecessores.

Se essa tendência continuar, a reeleição de Lula em 2026 parece não apenas viável, mas provável, salvo reviravoltas econômicas ou políticas significativas. A história recente mostra que, no Brasil, quem governa com aprovação sólida vai às urnas com vantagem — e, até aqui, Lula caminha com folga nessa direção.

Rafael Guedes é jornalista e analista político