Peço calma aos mais afoitos. Não vou tratar de nenhuma possível relação desses extremistas com facções criminosas que atuam dentro e fora dos presídios brasileiros. Não é sobre esses crimes — ainda. Quero apenas destacar a tara que essa extrema-direita parece ter em criar, organizar e atuar como organizações criminosas, as famosas “orcrims”.
Como deve ficar claro no parecer do procurador-geral da República, Paulo Gonet, o ex-presidente Bolsonaro foi um dos mentores e líderes, além de principal beneficiário, da organização criminosa que atuou em 8 de janeiro com o objetivo de derrubar o Estado Democrático de Direito.
Mas não é sobre a extrema-direita mimetista brasileira que quero falar hoje. É sobre outra, igualmente copiadora e capacho trumpista. Falo de Javier Milei, que entrou na onda dos extremistas de direita de monetizar sua atuação política e usou suas redes para patrocinar uma pirâmide financeira com criptomoedas — as suas criptomoedas.
Segundo analistas argentinos, ao utilizar suas redes sociais para incentivar a compra dessas criptomoedas, Milei incorreu em pelo menos dez crimes: descumprimento da Lei de Ética Pública, fraude, violação do Código Penal ao realizar negociações incompatíveis com a administração pública, fraude informática, abuso de autoridade, tráfico de influência, lavagem de dinheiro, fraude contra a administração pública e, claro, associação criminosa.
Por esses e outros possíveis delitos, Javier Milei deverá responder à Justiça e enfrentar um pedido de impeachment. Sim, impeachment. Porque lá há materialidade para o pedido, diferente dos factoides golpistas recorrentemente orquestrados por aqui.
A extrema-direita no mundo parece não conseguir sobreviver sem cometer crimes. Onde eles estão, a prática criminosa está presente em sua atuação política. E só há um jeito de impedir o seu avanço: apertar o torniquete. São necessárias punições exemplares, inclusive para a tiazinha do zap, mas principalmente para os mentores e financiadores dos crimes.
E anistia é o carajo!
Oliveiros Marques é sociólogo, publicitário e comunicador político.