Recebemos com grande expectativa positiva, a inauguração da tão esperada UPA Uvaranas em Ponta Grossa. E então aconteceu o primeiro atendimento: dor de garganta, uma doença de “postinho”. É compreensível que fosse atendida em UPA tanto por finalidade, atende indistintamente, pela curiosidade em relação a nova estrutura bem como por possível repercussão negativa se eventualmente fosse encaminhada para a Unidade Conrado Mansani localizada a alguns metros da nova UPA.
O que chama atenção é uma dificuldade de atendimento de doenças agudas imprevistas, as que não são urgência e emergência e nem doenças crônicas. Nestas situações, o atendimento está insuficiente e sobrecarregando as UPAs.
As UBS, ainda chamadas de “posto” de saúde, são a base da atenção primária à saúde, com foco na prevenção, diagnóstico precoce, vacinação, tratamento de doenças comuns e acompanhamento de pacientes com condições crônicas. As UPAs atuam em situações de dor intensa, quedas, fraturas leves e outros quadros agudos.
Como no caso divulgado, as manifestações incômodas da paciente, doença aguda imprevista, começaram na noite anterior, que esperou a manhã seguinte para buscar atendimento. Teria dificuldades pelo não agendamento prévio na UBS e normalmente ficaria em fila de espera numa UPA, sendo classificada como azul ou verde, isto é, não prioritária.
Diversas limitações ainda afetam diretamente a qualidade do atendimento. A seguir, são destacados os principais pontos observados na rotina de atendimentos com propostas viáveis de melhorias:
Infraestrutura das UBS
As UBS precisam ser resolutivas, principalmente em relação a consultas médicas. Isso diminuiria o fluxo desnecessário de pacientes em busca de atendimento na UPA. Há que se reconhecer que houve avanços no atendimento a doenças crônicas não transmissíveis mas ainda falta resolver os casos agudos imprevistos.
Valorização dos Profissionais
A remuneração dos médicos da atenção básica precisa ser mais atrativa para garantir fixação de profissionais qualificados nas UBS, evitando a alta rotatividade. Junto com estrutura para resolutividade, poderia haver melhora na permanência dos médicos.
UBS com Funcionamento Estendido
É imprescindível que alguns postos de saúde funcionem até mais tarde, permitindo que trabalhadores que não conseguem ir durante o horário comercial tenham acesso aos serviços.
Expansão imediata de Telemedicina
A telemedicina é uma aliada poderosa, proporcionando consultas rápidas e triagens eficientes para casos leves, para casos especializados, diminuindo o tempo de espera e otimizando os recursos das unidades. O uso de tecnologia e inovação é inevitável sob pena de permanecermos estagnados no tempo.
Protocolos de Exames
A padronização por meio de protocolos claros para solicitação de exames complementares, laboratoriais e de imagem evita excesso de burocracia e garante mais rapidez nos diagnósticos. Com ferramentas de Inteligência Artificial é possível grandes avanços na assistência.
Abertura de Leitos Locais
Atualmente, pacientes muitas vezes aguardam leitos por horas ou são encaminhados para outras cidades, o que compromete principalmente o apoio familiar.
Implantação de Hospital Dia Público
Para realizar pequenos procedimentos que ocupam atenção e leitos dos hospitais especializados.
Educação em Saúde
Campanhas periódicas para que a população use corretamente os estabelecimentos públicos de saúde, desde que obviamente tenham a estrutura resolutiva.
É preciso desconcentrar para que as UPAS, quantas existirem, não continuem lotadas e sobrecarregadas desnecessariamente.
Prof. Everson Augusto Krum
Vice Reitor UEPG 2018 – 2022
Diretor geral HU UEPG 2013 -2018
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