O bolsonarismo já tem sua palavra de ordem para a próxima manifestação na Paulista: vai defender a taxação de 25% sobre o aço e o alumínio brasileiros pelo presidente norte-americano, Donald Trump. Problema zero o fato de essa taxação comprometer a participação de empresas brasileiras no mercado mundial, podendo gerar desemprego e perdas para o Brasil. Afinal de contas, sua bandeira nunca será vermelha, apenas verde e amarela. Mas pode ser vermelha com azul, e até ter umas estrelinhas. Aliás, batem continência para ela e a beijam sempre que podem.
Para uma gente que se move pelos mais confusos e oportunistas conceitos “filosóficos”, não é de se admirar que, para alimentar sua extrema vontade de mimetizar o bilionário Trump, joguem contra a própria Pátria. Quiçá contra Deus, contra a família (apenas não contra uma) e contra a liberdade. Aliás, como o ex-presidente Bolsonaro já fez quando Trump tarifou os mesmos produtos em seu primeiro mandato, nos anos de 2019/2020, enquanto ele presidia o Brasil.
O anúncio de Trump impondo tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio vai afetar significativamente o comércio exterior brasileiro, prejudicando nossa balança comercial. O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os EUA, em tonelagem, ficando atrás apenas do Canadá. Nosso país fornece mais de 16% do aço importado pelos americanos, algo próximo a 4 milhões de toneladas e cerca de US$ 3 bilhões, representando metade das nossas exportações no segmento.
É claro que o governo brasileiro partirá para a reciprocidade. Trump precisa entender que não pode buscar desequilibrar o comércio mundial sem sofrer retaliações. Ele não é imperador do Globo. E a reciprocidade tem que atingir onde ele sentirá mais. Não adiantará em nada o Brasil fazer cócegas. Tarifar as empresas de alguns daqueles bilionários que estavam na posse de Trump, especialmente as big techs, pode ser um bom caminho.
Mais uma vez, a busca por novos mercados se faz necessária. Que Trump aplique tarifas, e que a gente venda para outros países. E que a indústria americana – do setor automobilístico, de defesa e outros – cobre do seu presidente quando faltar matéria-prima.
Oliveiros Marques é sociólogo, publicitário e comunicador político