Os “ratos”, no caso, têm nome e sobrenome. São os governadores de direita, pré-candidatos à Presidência da República, carimbados por Carlos Bolsonaro, o filho 02 do inelegível: Ratinho Junior, Romeu Zema, Ronaldo Caiado, Eduardo Leite e Tarcísio de Freitas. Espero não cometer a desfeita de ter esquecido algum desses “ratos”.
O escolhido pela Faria Lima, pelos rentistas brasileiros, por aqueles que não produzem um único prego, parece ter sido mesmo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Talvez a proximidade territorial, o fato de viverem na mesma cidade, frequentarem os mesmos restaurantes caros nos Jardins ou, simplesmente, por partilharem da mesma moral entreguista e vira-lata, tenha contribuído para essa escolha.
O batismo dessa aliança aconteceu ao sabor de um bom vinho, em almoço realizado esta semana numa fazenda no interior paulista, sob patrocínio do Bank of America, o segundo maior banco dos Estados Unidos. Vai vendo só. Além dele, estavam presentes outros expoentes dos usurários que operam o sistema financeiro brasileiro.
O mesmo governador que já aplaudiu Eduardo Bolsonaro na aventura de chantagear o Brasil, em conluio com o governo americano e contra empresas e empregos nacionais, agora teria dito aos seus convivas que o Brasil “deveria entregar uma vitória ao presidente norte-americano, pois é assim que Trump funciona”.
O vira-latismo dessa turma parece não ter limites. Sabendo que a cabeça de Jair Bolsonaro já está entregue às leis brasileiras, que muito provavelmente ele será condenado à prisão e que não há espaço para interferência do Executivo nas decisões da Suprema Corte, resta imaginar que, ao falar em vitória para Trump, Tarcísio se refira às terras raras. Quem sabe seu programa de governo não inclua a abertura das porteiras para exploração desses minerais estratégicos por empresas norte-americanas?
Mas outro personagem também chamou a atenção nesse almoço de escolha do “rato”: o ex-presidente do Banco Central no governo Bolsonaro. Roberto Campos Neto, hoje atuando em defesa dos banqueiros sem a folha de pagamento pública, estava lá, ciceroneando Tarcísio. Pelo visto, há uma turma que mamou no bolsonarismo e agora já se reposiciona, abandonando o barco. Talvez daí venha a ira demonstrada pelos filhos 02 e 03.
Oliveiros Marques é sociólogo, publicitário e comunicador político
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