Segunda-feira, 25 de Agosto de 2025

Artigo: ‘Eu choro. É o genocídio em Gaza’, por Oliveiros Marques

2025-08-25 às 10:28

É impossível conter as lágrimas ao ver um míssil atingindo um hospital. É desumano não se emocionar diante de equipes de resgate sendo atacadas justamente quando cumpriam sua missão de vida: salvar vidas. É perverso não se indignar frente à covardia cometida pelo governo de Israel contra o povo palestino, em especial na Faixa de Gaza. O ataque desta segunda-feira, que atingiu um hospital no exato momento em que socorristas trabalhavam para resgatar feridos de uma investida anterior, não é apenas um crime de guerra. É barbárie em sua forma mais crua.

Não foram apenas repórteres, cinegrafistas, profissionais de saúde, equipes de resgate ou moradores inocentes atingidos por aquele projétil. Foi a própria humanidade que, mais uma vez, cada vez mais desumanizada pelo governo de Benjamin Netanyahu – e, vale sublinhar, com a cumplicidade de grande parte das nações, em especial dos Estados Unidos.

A ilegitimidade dos ataques a Gaza é tão evidente que, se houvesse real vontade política, o cessar-fogo já teria sido imposto ao governo israelense. Mas não. Chefes de governo e de Estado assistem ao genocídio contra um povo inteiro com uma passividade que beira a naturalização do massacre, estimulando a sua continuidade.

A desproporcionalidade dos ataques não deixa margem a interpretações: trata-se de uma tentativa clara e deliberada de exterminar um povo. Genocídio. Palavra que nasceu justamente para nomear o horror do Shoá, perpetrado pelo nazismo contra judeus e outros grupos. Sim, é possível comparar o que faz hoje o governo de Israel ao que fez o nazismo, assim como é possível remeter às Cruzadas cristãs dos “franj”, que ironicamente fundaram o reino cruzado de Jerusalém.

Não consigo compreender até onde vai a permissividade do mundo. Quantas vidas ainda terão que ser arrancadas para que a comunidade global se levante contra Benjamin Netanyahu e seus cúmplices assassinos? É inadmissível tamanha omissão. Outros genocídios ocorreram na história da humanidade e ficaram restritos às páginas dos livros de história.

Que este não seja mais um. Que não permitamos que se transforme apenas em lamento tardio. Que o protesto ganhe força suficiente para deter os genocidas. E que, em homenagem à memória do doutor Assad Frangieh, a humanidade erga sua voz em uníssono para gritar: Palestina Livre!

Oliveiros Marques é sociólogo, publicitário e comunicador político

*Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do Portal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos termos e problemas brasileiros e mundiais que refletem as diversas tendências do pensamento.