A língua portuguesa é, reconhecidamente, complexa. Não apenas para as crianças é difícil lidar com essa infinidade de regras e exceções. Muitas vezes, para que a comunicação seja realmente efetiva – ou seja, para que o receptor compreenda a mensagem que o emissor pretende transmitir – é preciso “desenhar”. É exatamente isso que pretendo fazer nas próximas linhas: desenhar, com todas as cores e contornos, o que representa o Plano Brasil Soberano de socorro aos exportadores, enviado pelo presidente Lula ao Congresso Nacional.

A primeira imagem que deve ficar nítida na mente de quem lê essas poucas palavras é que esses mais de R$ 30 bilhões, que poderiam ser direcionados para estimular a economia como um todo, estão sendo alocados, prioritariamente, para socorrer médios e pequenos exportadores. O objetivo é compensar as perdas provocadas pelo tarifaço imposto por pressão externa, uma chantagem política disfarçada de disputa comercial. Essa pressão não veio do nada: foi resultado de uma aliança escancarada entre a família Bolsonaro – tendo como porta-vozes o filho “03” e o neto do último presidente da ditadura militar – e o governo norte-americano de Donald Trump, com o claro objetivo de chantagear o Brasil em troca da liberdade de um réu eminentemente condenado por atentar contra a nossa democracia.

A segunda imagem que precisamos fixar é a de vários governadores, curiosamente todos pré-candidatos à Presidência da República, que se mantiveram em constrangedor silêncio diante dessa agressão. Mesmo sabendo que empresas e empregos de seus estados estão sendo diretamente atingidos, preferiram tergiversar, gaguejar e recorrer a sofismas, chegando ao ponto de insinuar culpa da própria vítima – o governo brasileiro. E já que todo personagem tem um nome, vamos a eles: Ronaldo Caiado, Ratinho Junior, Tarcísio de Freitas e Romeu Zema.

Outra cena essencial para compreender o enredo é a de que os ataques à nossa soberania, vindos de fora ou articulados internamente, inclusive no próprio Plenário do Congresso Nacional, não cessaram. Continuam ativos, com ameaças de sanções, articulações de bastidores, motins – e, ironicamente, tudo isso financiado com dinheiro público brasileiro.

Por fim, em contraponto à desgraceira orquestrada pela família Bolsonaro e seus cúmplices, está a ação do governo Lula para minimizar os danos e evitar que boa parte dos efeitos negativos do tarifaço se concretize. Além dos R$ 30 bilhões destinados ao apoio emergencial aos exportadores, o governo realizará compras diretas de produtos que seriam exportados, protegendo a produção nacional, e reforçará intenso trabalho de abertura de novos mercados. E aqui, vale o registro: antes mesmo da chamada “BolsoTaxa”, já haviam sido abertos mais de 300 novos mercados para produtos brasileiros, fruto da diplomacia ativa e do prestígio pessoal de Lula no cenário global. Mais uma vez, o presidente se vê no papel de reparar os estragos deixados pela família Bolsonaro – uma tarefa que, infelizmente, já se tornou rotina.

Oliveiros Marques é sociólogo, publicitário e comunicador político

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