Morte ao rei, Ratos do Porão
Morte ao rei | e a todos os seus nobres | feliz é a vitória | de quem tem união | a nossa liberdade | foi difícil conseguir…
Sei que o título deste artigo é forte. Mas o é porque o momento exige. A realidade o impõe. A sociedade mundial está em perigo. E não se trata de um exagero para reter sua atenção para as próximas linhas. Temos um indivíduo desequilibrado a serviço de outros desequilibrados, com acesso a um botão que pode ter impacto semelhante ou até maior do que aquele que controla armas nucleares.
A “praça pública” que o Twitter deveria ser, idealizada por seu criador Jack Dorsey, nunca se concretizou como esperado. E agora, a plataforma foi sequestrada pelo bilionário Elon Musk, conhecido por suas inclinações ultradireitistas, e transformada em uma máquina política a serviço das ideias mais reacionárias e fascistas dos nossos tempos. O antigo Twitter, agora renomeado como X, deixou de ser uma rede social e se tornou um partido político. E, como tal, deve ser tratado.
Isso significa que ele precisa seguir regras. Regras que, reiteradamente, o bilionário se recusa a cumprir. Aliás, foi desrespeitando normas que ele conseguiu realizar a compra da plataforma. Escondeu informações do mercado sobre suas aquisições de ações, como detalham os jornalistas americanos Kate Conger e Ryan Mac em seu livro Limite de Caracteres: Como Elon Musk Destruiu o Twitter.
Musk realizou a compra justamente para dominar dois aspectos cruciais de uma das maiores plataformas digitais do planeta: a mediação de conteúdo publicado e o controle algorítmico de sua distribuição. É esse poder que ele detém sobre milhões de usuários mensais no mundo. Um controle que, nas mãos como as dele, tem o poder de distorcer a formação da opinião pública em escala global.
O mundo, e especialmente o Brasil, não pode aceitar passivamente esse desequilíbrio na construção da opinião. Não podemos nos esquecer de que Musk é o mesmo indivíduo que se posiciona contra a diversidade, é negacionista em relação à Covid-19, faz saudações nazistas, e promove outras barbaridades que atentam contra a democracia e os direitos humanos.
Penso que as nações devem impor um freio a essa situação. Não há mais espaço para mediação ou para a imposição de regras que serão ignoradas. O único caminho possível é proibir a existência dessa plataforma como ela está hoje. Sim, a liberdade que, como seres humanos, construímos ao longo da história é demasiado valiosa para ser colocada em xeque por um bilionário como Elon Musk.
Por isso, reitero: morte ao X!
Oliveiros Marques é sociólogo, publicitário e comunicador político