É inadiável a paralisação do Campeonato Brasileiro. A palhaçada, escancarada pelos “erros” de arbitragem, vem demonstrando a cada rodada a completa inviabilidade de se manter em andamento um torneio da chamada “paixão nacional” sob a gestão atual da CBF — entidade responsável por comandar a competição, contratar, escalar e pagar os árbitros. O caos político, jurídico e administrativo em que se encontra a instituição torna impossível sua continuidade.
E não dá para esperar pela parada do Super Mundial da FIFA. A suspensão precisa acontecer agora. Com a mesma agilidade com que o então presidente Ednaldo foi afastado. É inadmissível imaginar que a disputa pelo comando dessa trilhardária entidade já não esteja dentro dos gramados, favorecendo possíveis aliados no colégio eleitoral e tratando de forma oposta os adversários declarados.
Essa interferência, claro, vai além do desrespeito aos profissionais dos clubes, que se dedicam para obter bons resultados e acabam vendo a arbitragem — mal-intencionada ou devidamente orientada — enfiar as duas mãos no resultado. Trata-se, também, de uma violação direta aos direitos do consumidor. O torcedor se desloca de casa, às vezes passa horas em ônibus para cruzar as distâncias continentais do nosso país, paga caro por ingressos, tudo para assistir a um jogo em que seu time tem, sim, chances reais de vencer. E aí vem a arbitragem, de campo e/ou do VAR, e manipula o resultado com erros infantis, amadores, intencionais e, portanto, criminosos — em lances que só passariam despercebidos por pessoas cegas.
E aqui entram os sites de apostas — os cassinos da atualidade. E você já ouviu falar de algum cassino que sai no prejuízo? Aliás, o Campeonato Brasileiro é patrocinado, vejam só, por um desses cassinos. Dá pra acreditar que os interesses de quem banca o campeonato correm algum risco de serem contrariados? Eu, sinceramente, não acredito.
A disputa pela presidência da CBF, até agora, me parece muito maior do que uma contagem de votos de federações e clubes. De um lado, aparece o filho de um dirigente que comandou por 40 anos a federação de futebol de Roraima — um centro de excelência no futebol brasileiro, como todos sabem — e que, sob o domínio da sua família, se desenvolveu exponencialmente nas últimas quatro décadas… #SQN. Sua candidatura se apoia em federações e num suposto apoio externo ao futebol que até agora não ficou muito claro. Do outro lado, o presidente da Federação Paulista, com o respaldo da maioria dos clubes das duas ligas nacionais, LIBRA e LFU. O que, diga-se, não significa necessariamente que trará resultados diferentes do primeiro.
A caixa-preta da CBF nunca foi, de fato, aberta. As investigações nunca foram pra valer. CPIs aconteceram, mas o ideal — ao que tudo indica — seria o Ministério Público Federal e a Polícia Federal entrarem de cabeça na entidade. E justificativa não falta: calotes em impostos federais, parcelamentos infinitos, indícios de mal uso de verbas, que dada a confusão contábil podem ser privadas, mas podem não ser. Talvez essa seja, finalmente, a hora.
Oliveiros Marques é sociólogo, publicitário e comunicador político