A carta enviada pelo extremista bilionário, autoproclamado imperador do mundo, ao governo brasileiro não deixa dúvidas quanto aos seus motivos. Primeiro: trata-se de uma medida absolutamente ideológica por parte do presidente norte-americano. Os Estados Unidos, sob a liderança de Trump, colocam a ideologia acima dos interesses econômicos, inclusive do povo norte-americano.

Segundo – e talvez mais grave – é o uso da política tarifária como instrumento de pressão em favor de um inelegível condenado pela Justiça brasileira por abuso de poder político. Um gesto que ganha contornos ainda mais graves ao envolver encontros com embaixadores de outros países durante a campanha eleitoral em que se aproximava a sua derrota.

A carta escancara a articulação global da extrema-direita para desestabilizar democracias a partir da esfera econômica. O filho do inelegível, deputado licenciado que se entrincheirou em Washington, tem atuado ativamente na propagação de mentiras sobre o Brasil, numa clara tentativa golpista. Trata-se de uma prática que pode, sem exageros, ser caracterizada como crime de lesa-pátria.

Não por acaso, foi ele quem anunciou que algo maior viria após a postagem de Trump nas redes sociais. Suas patas estão por toda essa ofensiva contra o Brasil. No mínimo, estava na antessala da sala onde essa carta foi redigida.

Diante de tudo o que sabemos até agora, é preciso dizer uma coisa com clareza ao povo brasileiro: Bolsonaro e seus aceclas são os responsáveis diretos pela taxação de 50% sobre as exportações brasileiras. Em conluio com a extrema-direita norte-americana, eles são culpados pelo fato de que nossos produtos agrícolas, a carne e a indústria nacional passarão a pagar mais impostos para entrar nos EUA. O resumo é simples: Trump aplicou no Brasil a BolsoTaxa.

Seria interessante se o inelegível marcasse, nesta semana, uma agenda com o agronegócio no Centro-Oeste. Que fosse pessoalmente explicar a “estratégia”. Certamente ouviria poucas e boas. No mínimo, que sua jogada com Trump foi um tiro no pé. Não ajudará em nada seus processos no STF e ainda deu a Lula o discurso perfeito de enfrentamento a um inimigo externo comum.

Ou seja, como muitos do próprio campo bolsonarista já admitem: Bolsonaro perdeu em 2022 pelas besteiras que falou e pelas atitudes que tomou. E acaba de repetir o mesmo comportamento.

Ao governo brasileiro, naturalmente, cabe acionar os canais diplomáticos e buscar uma solução por via institucional. Mas, do ponto de vista político interno, é fundamental dizer com todas as letras: essa taxação só aconteceu por capricho de Bolsonaro e sua família – que agem como garotos-propaganda de um ideário fascista mundial, tentando escapar da cadeia e preservar os milhões arrecadados via pix de incautos (e outros nem tanto), além das vendas de joias e chocolates caríssimos.

Oliveiros Marques é sociólogo, publicitário e comunicador político

*Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do Portal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos termos e problemas brasileiros e mundiais que refletem as diversas tendências do pensamento.