Quinta-feira, 14 de Novembro de 2024

Coluna Bits: ‘O dinheiro é pop, e também é tech’, por Matheus Schlosser Basso

2022-02-08 às 10:30

O dinheiro é pop, e também é tech

Se você não esteve morando em uma caverna nos últimos cinco anos, provavelmente deve ter ouvido falar em bancos digitais, cartão de crédito sem necessidade de conta-corrente, cripto ativos, pix e toda uma sorte de novidades tecnológicas que, provavelmente, surpreenderiam até um personagem da série “Os Jetsons”.

A grande verdade é que a maneira como mundo lida com o dinheiro já vem evoluindo há algum tempo. A não muitos anos a grande mídia circulava as primeiras propagandas de sistemas de “bank phone” e “internet banking” para consulta de saldos e extratos. Pagar as contas do conforto de casa sem precisar tirar o pijama para ir na caixa lotérica ainda é novidade para muitos brasileiros. E mesmo que para tantos todo esse processo financeiro-tecnológico esteja em fase de adaptação, a pandemia acabou sendo um cenário em que inúmeras oportunidades despontaram e a adesão das “financial technologies” – Fintechs tem sido maior que nunca.

O que é uma fintech:

Fintech é a junção das palavras em inglês “Financial” e “Technology” e, basicamente, generaliza todas as ferramentas tecnológicas que facilitam e/ou mudam a forma como as pessoas trabalham com o dinheiro e sua reserva financeira. Esse termo engloba fenômenos como os cripto ativos, o Nubank, Brex, C6 Bank, e mesmo o veterano Paypal, este considerado a primeira fintech.

Você usa de uma fintech quando realiza uma transferência online para um parente que mora no exterior, investe em ações usando um aplicativo, faz compras online usando um cartão virtual, paga uma conta usando um smartwatch usando somente a aproximação.

Segundo a Forbes as fintechs ainda podem ser subdivididas em wealthtechs – ferramentas para gerenciamento de investimentos, investtechs – ferramentas voltadas para microinvestimento e robo-investimento e as insurtechs – ferramentas que auxiliam na criação, distribuição e administração do negócio de seguros.

Mas se você pensa que estas “techs” estão apenas ajudando o consumidor final a gastar o seu dinheiro, você está olhando apenas a ponta do iceberg. Este tipo de tecnologia está em todos os cantos, inclusive em tarefas “back-end” dos serviços financeiros, como sistemas que calculam quão inclinado um usuário é de pagar suas contas em dia, liberando de maneira facilitada um crédito pré-aprovado direto na tela do seu app. Enfim, este mercado possui infinitas possibilidades.

Para termos ideia de quão sério estamos falando, a já citada Brex foi recentemente responsável por deixar seus dois fundadores, brasileiros de 25 e 26 anos, bilionários. Segundo a Forbes, a empresa levantou recentemente US$ 300 milhões, chegando a uma avaliação de mercado de US$ 12,3 bilhões. A Forbes também estima que seus fundadores tenham cerca de US$ 1.5 bilhão cada.

É interessante tomar o caso de uma empresa não tão conhecida pelos brasileiros, como o caso da Brex, mostrando que chamar as fintechs de promissoras é ingenuidade, pois muitas delas já estão muito bem consolidadas no mercado mundial.

Inclusive, posso arriscar sem medo dizer que uma das responsáveis da melhoria nos serviços bancários das empresas financeiras tradicionais é que a grande massa de jovens economicamente ativos preferem a menor burocracia, atendimento mais informal e muito mais rápido e, especialmente, serviço mais transparente sem a pressão que muitos atendentes fazem para fechar suas cotas de vendas de produtos que muitas vezes dão prejuízo ao contratante desavisado. Todas as características que “pescaram” os millenials foram primeiramente implementadas pelas startups de fintechs.

É claro que não se pode acreditar que o mercado é estático, afinal ele é dinâmico, não linear e muitas vezes caótico. Sempre onde há um mar de possibilidades há um oceanos de perigos e só o fato de uma empresa atuar como uma fintech não é garantia de lucro nem de idoneidade, todo tipo de investimento ou contratação deve ser feito mediante a investigação prévia.

O fato é que nesse momento as fintechs representam uma mudança a muito desejadas pelos consumidores, agem como facilitadores para que mais pessoas tenham autonomia e facilidade em trabalhar com seu dinheiro e assim, podem auxiliar para que o sistema econômico se torne mais saudável e sustentável.

Este é o primeiro artigo de uma série sobre tecnologias aplicadas às finanças. No próximo artigo vamos falar de Blockchain.

Fique por dentro dos seus Bits de informação.

 

Fontes:

https://www.forbes.com/advisor/banking/what-is-fintech/

https://www.investopedia.com/terms/f/fintech.asp

https://forbes.com.br/forbes-money/2022/01/brasileiros-fundadores-da-brex-se-tornam-bilionarios/