O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, confirmou nesta terça-feira que um representante da Secretaria de Comércio dos Estados Unidos participou da segunda rodada de reuniões entre o governo brasileiro e grandes empresas de tecnologia – incluindo Meta, Google, Amazon, Apple, Visa e Expedia. O encontro, realizado por videoconferência, integra a estratégia do Brasil para lidar com a iminente tarifa de 50% que os Estados Unidos, sob a gestão de Donald Trump, pretendem impor a produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
Alckmin afirmou que, além das pautas tarifárias, a reunião com as big techs abordou temas como segurança jurídica, inovação tecnológica e ambiente regulatório. Ele destacou que a mesa de negociações vai se ampliar para tratar também de regulamentação de plataformas digitais e redes sociais, uma discussão que já mobiliza diversos países, especialmente diante de novos marcos legais que surgem na Europa e nos Estados Unidos.
Segundo o governo brasileiro, o diálogo com as autoridades americanas tem sido permanente, incluindo conversas recentes entre Alckmin e o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick. O objetivo é evitar o “tarifaço”, considerado injustificável pelo Executivo, que alega que grande parte das exportações americanas ao Brasil já goza de tarifa zero em produtos-chave. A equipe econômica avalia que a imposição da tarifa prejudica ambos os países, com impactos negativos na inflação e no comércio bilateral.
Sobre possíveis exceções, Howard Lutnick afirmou nesta terça-feira na CNBC que os EUA devem considerar uma tarifa zero para alimentos e matérias-primas não produzidos no território americano, como café, manga, abacaxi e cacau. O governo brasileiro, no entanto, insiste que a redução da alíquota deve valer para todos os produtos e não apenas para setores específicos.
O debate mobiliza também entidades do setor produtivo e parlamentares. O governo brasileiro prepara um plano de contingência para setores prejudicados e mantém conversas de bastidores com Washington enquanto busca ampliar a mobilização internacional contra o aumento tarifário. A expectativa é de que o cenário evolua até sexta-feira, data prevista para o início das novas tarifas