Sábado, 26 de Julho de 2025

Alckmin liga para os EUA mas ninguém quer falar com ele, afirma Lula

2025-07-25 às 20:26

Durante cerimônia do Novo PAC Seleções 2025 Periferia Viva – Urbanização de Favelas, em Osasco (25/7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou o clima de confronto diplomático entre Brasil e Estados Unidos devido à nova tarifa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros, prevista para começar em 1º de agosto. Lula afirmou que o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) tem buscado negociar uma solução, mas encontra resistência: “Todo dia ele liga para alguém, e ninguém quer conversar com ele”, admitiu o presidente, expondo o desgaste nas relações bilaterais e a dificuldade do governo brasileiro em abrir canais para o diálogo direto com Washington.

Segundo o Metrópoles, apesar do impasse, Alckmin garantiu à imprensa que ainda mantém conversas com representantes norte-americanos, como uma recente chamada de 50 minutos com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, onde reafirmou o interesse brasileiro em evitar o tarifaço e destacou potencial para aprofundar a relação econômica entre os países. O governo Lula defende que a questão comercial seja tratada sem contaminação política ou ideológica, mas reconhece que até o momento as respostas de Washington são escassas.

No discurso, Lula foi além da cobrança diplomática e atacou diretamente a família Bolsonaro, afirmando que aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro estariam pressionando os EUA para condicionar a retirada das tarifas à anistia de Bolsonaro, investigado por apoiar uma tentativa de golpe: “Estão agora agarrados nas botas do presidente dos Estados Unidos pedindo para ele fazer intervenção no Brasil. Numa total falta de patriotismo! […] Estão pedindo para o presidente dos Estados Unidos aumentar a taxa das coisas que nós vendemos para eles para poder libertar o pai. Ou seja, trocando o Brasil pelo pai. Que patriota que é esse? Isso é pior do que Silvério dos Reis”, disparou Lula, em referência ao traidor da Inconfidência Mineira.

Lula ainda criticou Trump, dizendo que o presidente dos EUA foi “induzido a acreditar numa mentira” sobre suposta perseguição política a Bolsonaro, e se disse aberto ao diálogo: “Trump, o dia que você quiser conversar, o Brasil estará pronto […] para mostrar o quanto você foi enganado com as informações que te deram”. O presidente também refutou demandas da carta assinada por Trump que condicionam o fim das tarifas ao recuo do Brasil em julgamentos contra Bolsonaro, à não regulação das big techs e à alegação de prejuízos comerciais dos EUA na relação bilateral – citando que, nos últimos 15 anos, os Estados Unidos mantêm superávit na balança com o Brasil.