O interrogatório dos réus do chamado “núcleo 1” da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF) representa um momento-chave na instrução penal sobre a tentativa de ruptura do Estado Democrático de Direito após as eleições de 2022. O processo, conduzido pelo ministro relator Alexandre de Moraes, envolve oito réus: o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid, e ex-ministros e militares que ocuparam cargos estratégicos no governo anterior.
Os depoimentos ocorrem entre 9 e 13 de junho de 2025, na sala da Primeira Turma do STF, com sessões presenciais e transmissão ao vivo pela TV Justiça e pelo canal oficial do tribunal. O primeiro a depor é Mauro Cid, delator premiado, seguido dos demais réus em ordem alfabética: Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto, este último por videoconferência, por estar preso preventivamente.
A acusação, apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), inclui crimes como organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e deterioração de patrimônio tombado. Segundo a PGR, o grupo teria atuado de forma coordenada para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Durante os interrogatórios, os réus têm direito ao silêncio e não podem se comunicar entre si, apenas cumprimentar-se. O ministro Alexandre de Moraes, o procurador-geral da República e as defesas dos réus podem fazer perguntas aos acusados. O esquema de segurança do prédio do STF foi reforçado, e a sala de sessões foi adaptada para garantir a ordem e a transparência do processo.