Quinta-feira, 10 de Outubro de 2024

Apenas três municípios do Brasil possuem mais habitantes morando em apartamentos do que em casas, diz IBGE

2024-02-23 às 13:53
Foto: Freepik/Reprodução

Em 2022, havia no país 59,6 milhões de casas ocupadas, nas quais residiam 171,3 milhões de pessoas. Ou seja, a maioria da população (84,8%) morava nesse tipo de residência. O segundo tipo mais encontrado foi apartamento, categoria de domicílio na qual residiam 12,5% da população.

As informações foram publicadas nesta sexta-feira (23) pelo IBGE na divulgação “Censo 2022: Características dos domicílios – Resultados do universo”. Os domicílios do tipo “casa de vila ou em condomínio”, que em 2010 abrigavam 1,6% das pessoas residentes no Brasil, passaram a abrigar 2,4% em 2022. Dessa forma, em conjunto, os tipos “casa” e “casa de vila ou em condomínio” reuniam 87,2% da população.

O amplo predomínio das casas entre os tipos de domicílios já havia sido registrado nos Censo Demográficos anteriores, assim como a tendência de aumento da proporção de apartamentos: em 2000, 7,6% da população residia nesse tipo de domicílio, número que passou para 8,5% em 2010 até chegar aos 12,5% registrados em 2022.

Bruno Perez, analista da pesquisa, explica que esse aumento é expressivo e nacional, sendo registrado em todas as regiões do país, embora seja mais típico dos grandes centros urbanos. “Essa verticalização é uma resposta ao adensamento da população dos municípios, principalmente nas áreas de região metropolitana e nos centros das cidades maiores”, afirma.

As demais categorias são residuais. Um grupo de 494 mil pessoas (0,2% da população) residia em domicílios do tipo “habitação em casa de cômodos ou cortiço”. As outras duas categorias abrigavam menos de 0,1% da população: “habitação indígena sem paredes ou maloca”, com 52 mil pessoas, e “estrutura residencial permanente degradada ou inacabada”, com 81 mil pessoas.

Santos (SP), Balneário Camboriú (SC) e São Caetano do Sul (SP) são os únicos municípios com predomínio de moradores em apartamentos

Apesar de registrar uma expansão dos domicílios do tipo apartamento, o Censo Demográfico 2022 mostra que, dos 5.570 municípios brasileiros, em apenas três predominava essa modalidade. São exceções nacionais, mas com características peculiares e diferentes entre si. Um desses municípios é Santos (SP), o único da lista no Censo 2010, quando 57,8% da população morava em apartamentos. Esse percentual passou para 63,4% em 2022. “É um município com boa parte de sua área em uma ilha, onde fica a parte urbana já totalmente ocupada. Por isso, a tendência de expansão é a verticalização. Parte do que poderia ser a periferia e regiões menos adensadas de Santos estão em municípios vizinhos”, explica Bruno.

Já Balneário Camboriú (SC) segue uma lógica diferente. Com uma atividade mobiliária intensa nos últimos anos e sendo um destino turístico importante da região Sul, o município catarinense viu o percentual de moradores em apartamentos saltar de 48,9% para 57,2% do Censo 2010 para o Censo 2022. A cidade do litoral norte de Santa Catarina tem chamado a atenção pelo grande número arranha-céus construídos recentemente. “É uma tendência de áreas litorâneas valorizadas economicamente: um adensamento que gera verticalização para atrair mais pessoas que querem estar próximas às praias”, justifica o pesquisador.

Completa a lista São Caetano do Sul (SP). O município, diz Bruno, tem uma área relativamente pequena, com população de porte médio e muito inserida na Região Metropolitana de São Paulo, estando consideravelmente próxima ao centro da capital. “Ou seja, tem características semelhantes à área do chamado Centro Expandido de São Paulo: bastante adensado e tem verticalização considerável”, completa o analista.

Municípios com maior percentual de apartamentos

# Município (%)
1 Santos (SP) 63,45
2 Balneário Camboriú (SC) 57,22
3 São Caetano do Sul (SP) 50,77
4 Vitória (ES) 45,4
5 Porto Alegre (RS) 42,36
6 Viçosa (MG) 41,68
7 São José (SC) 41,05
8 Niterói (RJ) 40,2
9 Itapema (SC) 38,76
10 Florianópolis (SC) 38,64

Piauí tem a maior proporção de pessoas em casas; Distrito Federal lidera em apartamentos

Na comparação entre o Censo de 2010 e o de 2022, a proporção da população residindo em apartamento” teve expansão em todas as regiões. O maior percentual segue no Sudeste (16,7%), seguido pelo Sul (14,4%). Na outra ponta, aparece o Norte (5,2%).

Entre as unidades da federação (UF), o Piauí teve a maior proporção da população residindo em domicílios do tipo “casa” (95,6%), seguido de perto pelo Tocantins (95,3%) e Maranhão (95,1%). Já a menor foi no Distrito Federal (66,14%), que por sua vez, liderava o ranking de percentual da população residindo em apartamentos (28,7%), enquanto o Tocantins (2,5%) teve a menor proporção no quesito.

A maior ocorrência dos domicílios do tipo casa de vila ou em condomínio foi registrada no Rio de Janeiro (5,9%), seguido por Roraima (5,3%). Espírito Santo (0,5%) apresentou o menor percentual.

Mais sobre a pesquisa

O Censo Demográfico 2022: Características dos domicílios – Resultados do universo traz informações referentes à forma de abastecimento de água, destino do lixo, tipo de esgotamento sanitário, existência de banheiro ou sanitário e existência de canalização de água, permitindo uma caracterização de elementos importantes dos domicílios e das condições de vida da população. Os dados estão disponíveis para Brasil, grandes regiões, estados e municípios. As informações serão desagregadas também segundo a cor ou raça e os grupos de idade da população. Os dados podem ser visualizados na Plataforma Geográfica Interativa (PGI) e no panorama do Censo 2022.

da Agência IBGE