No momento em que escrevo essas linhas, 48 catarinenses, a maior parte idosos e crianças, já morreram neste ano em decorrência da explosão de casos de doenças respiratórias em Santa Catarina.
É incrível como a nossa sociedade não aprende com os próprios erros. Assim como é lamentável a ignorância não ter um antídoto ou cura prévia. Cinco anos após uma pandemia que entrou para a história e ceifou a vida de 700 mil brasileiros, destes, 22 mil catarinenses, o estado convive mais uma vez com um surto de doenças respiratórias, entre elas a gripe e o COVID.
A desgraça é que durante boa parte da pandemia de COVID ainda não se dispunha da vacina. Não havia muito o que fazer além do isolamento. Desta vez as vacinas estão aí. Doses e leitos disponíveis. Falta a população ir se vacinar.
Como chegamos até aqui? É fácil de entender. Os dois estados campeões em casos de mortes por doenças respiratórias nesse ano são exatamente Santa Catarina e Minas Gerais. Justamente onde os respectivos governadores Jorginho Melo e Romeu Zema se jogaram de cabeça na campanha antivacinação. Gravaram vídeos, descumpriram orientações do Ministério da Saúde e, no caso de Jorginho, revogou até o decreto que obrigava professores e estudantes a se vacinarem para entrarem em sala de aula.
Quando uma autoridade sinaliza para esse lado, infelizmente boa parte da população obedece. Após tanto desprezo do governador Jorginho às vacinas, apenas 16% daqueles que deveriam se vacinar assim o fizeram.
Agora, enquanto Santa Catarina amarga a tragédia do descontrole sobre os casos, o governador achou por bem se pronunciar. Gaguejando e falando de um mundo de fantasia, onde a saúde do Estado está às mil maravilhas, cometeu um ato falho ao dizer que “faltam vacinas”, logo se corrigindo e dizendo que faltava as pessoas se vacinarem. Ora, governador, falar isso nessa altura?
O que talvez falte é responsabilidade em meio a tanto cinismo e descaso com a população de Santa Catarina. O mesmo cinismo de um amigo seu que há alguns anos nos brindou com imitações de pessoas morrendo por falta de ar em plena pandemia.
Oxalá o seu destino seja o mesmo dele. A defenestração pública nas próximas eleições e a responsabilização penal pelas mortes que poderiam ter sido evitadas.
João Barbiero é comunicador e empresário