Ontem o presidente Lula esteve em Santa Catarina, mais especialmente em Navegantes e Itajaí, anunciando recursos para o Porto e para a construção naval nos estaleiros da região. Bilhões de investimentos para gerar emprego e renda para os catarinenses. E onde estava o Governador Jorginho? Tomando chimarrão no extremo oeste de Santa Catarina.
Antes que venham dizer que pego no pé do governador, que foi chamado de ingrato pelos ministros no evento, é preciso explicar a sua ausência. É claro que faltou coragem, que ele é raivoso e violento só nas redes sociais e que na hora da onça beber água o tigrão vira uma tchutchuca. Mas não foi bem esse o motivo do sumiço.
Há algumas semana bateu um pânico no círculo mais interno do governo Jorginho. Há um clima de que, mais dia menos dia, a reeleição escapa pelos dedos do governador. Com a solidificação da candidatura de João Rodrigues, que a essa altura é irreversível, a situação de Jorginho se complicou.
A luz amarela começou a piscar nessa semana com o desembarque monumental de Luciano Hang da campanha do governador e o subsequente embarque na campanha do prefeito de Chapecó. Racha colossal no bolsonarismo barriga-verde. Com direito até a live nas redes sociais com a participação de Hang, Rodrigues e da dinastia Pavan, que domina o litoral norte.
João começa a criar um eixo estratégico que vem do Oeste, passando pelo Vale de Hang e desembocando no litoral. Só falta um vice de Joinville ou Florianópolis e a confusão está criada.
Tabuleiro montado e alerta dado, Jorginho, que não é bobo e tem pesquisas na manga, partiu para o Oeste para tentar juntar os cacos e reverter a onda pró-Rodrigues no ninho. Passou a semana correndo os municípios e tentando se reconectar às lideranças que já flertam com o outro lado. Vai tentar se fortalecer lá para depois conter o avanço dos dissidentes em outros lugares do estado. Trabalho duro, mas é o que se tem para hoje.
Se tiver sucesso, possivelmente enfrenta o PT de Décio Lima no segundo turno. Se não conseguir, repetirá o desempenho de Carlos Moisés, que mesmo com a caneta na mão não conseguiu “governar o governo” e ficou em terceiro lugar. Neste caso Jorginho deixará para Rodrigues o posto de representante da direita e da extrema-direita no estado.
Do outro lado do outeiro, o PT assiste ao racha e imagina o que pode ser melhor, enquanto traz dinheiro para o estado e faz suas apostas para 2026. E assim começa a desenhar o processo de sucessão. Os dados estão lançados.
Rafael Guedes é jornalista e analista político
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