Comumente fazemos planos considerando as condições perfeitas para a execução de uma tarefa, contando com o máximo de produtividade que sabemos que somos capazes – e, por vezes, até níveis que nunca exercemos e esperamos conseguir exercer! O dia a dia real, contudo, traz consigo problemas reais e, frequentemente, inesperados. Nem sempre as coisas correm como o planejado, afinal.
Em momentos de crise, com frequência somos acionados para a resolução de problemas alheios à tarefa que gostaríamos de estar executando. Isto nos toma tempo e, para cada minuto gasto na resolução do problema, é um minuto a menos que temos para resolver qualquer outra coisa! Contudo, não apenas o tempo empregado na resolução que nos afeta, mas também o engajamento emocional.
Nos instantes de crise, portanto, passamos também tempo pensando sobre a própria crise e os problemas oriundos da mesma. Isso nos custa tempo e capacidade atencional, pois podemos estar executando uma atividade com a mente povoada de pensamentos relativos a outras coisas! Desta forma, é importante entender que não é razoável esperar uma produtividade constante, tal como de uma máquina.
Haverá dias com grande produtividade e dias com pouca produtividade. O seu melhor hoje não necessariamente será o igual ou menor ao de amanhã, mas isso não significa que nos dias ruins não seja possível produzir. A ordenação do nível de prioridade, com prazos e a seleção de dias ou períodos de tempo para a resolução das atividades principais, pode ser útil para o manejo do tempo ao mesmo tempo que renderá a tranquilidade da tarefa a ser executada já estar “encaminhada”.
Para o âmbito mental, é importante não deixar de cuidar de si, lembrando que a atividade física frequente e uma rotina de sono que seja suficiente para se acordar revigorado são fatores que afetam imensamente a capacidade atencional. Técnicas de meditação, que ajudam a focar no momento presente, também são úteis para evitar a intrusão de pensamentos acerca do futuro ou do passado, como “aquilo que fiz não ficou bom” ou “meu Deus! Depois daqui ainda há tanto a fazer!”.
Os pensamentos acerca do que ainda há de ser feito podem tornar a visão de uma tarefa simples algo intangível. Uma tarefa grandiosa, tal como um livro técnico de duas mil páginas, pode dar a impressão de impossibilidade de realização, se desconsiderarmos a necessidade de quebrar a tarefa em muitos pedacinhos. Por mais trabalhoso que seja ler um livro de duas mil páginas, não pense no todo, mas sim no possível, visto que, lendo três páginas ao dia, em dois anos já terá lido tudo!
Ainda sobre o livro, se for possível ler em apenas um dia da semana, não deixe de fazê-lo apenas porque gostaria de estar lendo diariamente. Talvez seja o ideal, mas foque no possível! Cada passo em direção a um objetivo bem-definido é uma conquista. Mesmo que seja uma página por semana, já será um progresso maior do que simplesmente não ler nada, enquanto se aguarda pelo idílico lugar bonito, livre de barulho e problemas, quando estará com plena paz de espírito.
É, portanto, importante mantermos o cuidado com nós mesmos, buscar planejar o tempo para as diferentes atividades, quebrando as grandes em pequenos pedacinhos, e focar no momento presente, respeitando a natural variação de produtividade que podemos ter de um dia para o outro, visando o possível, uma coisa de cada vez, e não o ideal tudo de uma vez! E você? Como tem equilibrado as dificuldades e os objetivos de sua vida?
Gabriel Sousa Andrade, psicólogo (CRP 08/30527), formado pela Unicentro Paraná, mestrando em Neuropsicologia pela UFPR – @gsandrade94
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