O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) acompanhou presencialmente toda a primeira parte do interrogatório de seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, na sala da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. Bolsonaro e outros seis réus investigados por suposta trama golpista permaneceram o tempo todo na sala, diante do ministro e relator Alexandre de Moraes.
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Durante a sessão, Bolsonaro demonstrou tranquilidade, fazendo anotações em papel, apoiando o rosto nas mãos, mexendo no celular e cochichando com seu advogado, Celso Vilardi. Em outros momentos, foi visto de braços cruzados e com postura rígida, enquanto Cid prestava depoimento sem prazo determinado. O ex-presidente será o sexto a ser ouvido, conforme ordem estabelecida pelo STF.
Mauro Cid, que firmou acordo de delação premiada, confirmou que a minuta do golpe foi levada a Jair Bolsonaro, que leu e modificou o documento. Segundo Cid, o ex-presidente retirou do texto a previsão de prisão de diversas autoridades, mantendo apenas a ordem de prisão do ministro Alexandre de Moraes. Além disso, Cid afirmou que o almirante Garnier, ex-comandante da Marinha, teria colocado as tropas à disposição do presidente para o golpe.
Cid reiterou que presenciou grande parte dos fatos, mas negou ter participado diretamente da trama golpista. Ele também negou que Bolsonaro tivesse conhecimento prévio ou incentivado os atos de 8 de janeiro, que culminaram na invasão dos Três Poderes.
Bolsonaro e Cid trocaram cumprimentos antes da audiência. O ex-presidente, questionado pela imprensa no intervalo, afirmou que não confrontaria Cid durante a sessão e que só comentaria o caso posteriormente. “Não vou confrontar o Cid aqui. Depois a gente vai falar com vocês”, disse Bolsonaro.
Durante o depoimento, Cid também revelou que Bolsonaro pressionou ministros da Defesa para a elaboração de relatórios mais duros sobre as urnas eletrônicas, mas que o resultado final foi um “meio termo”. Ele ainda negou qualquer envolvimento direto com planos de assassinato de autoridades, como o presidente Lula, e disse que só tomou conhecimento desses planos pela imprensa.