Sábado, 19 de Julho de 2025

Bolsonaro afirma não ter dúvidas de que será condenado em processo sobre golpe

Ex-presidente critica atuação do STF após novas restrições judiciais e diz que permanecerá no Brasil
2025-07-18 às 18:31

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou nesta sexta-feira (18) que está certo de que será condenado no processo em que é acusado de tentar promover um golpe de Estado em 2022. Em entrevista à Reuters, Bolsonaro afirmou que acredita não ter chances de absolvição: “Não tenho dúvida da minha condenação, o ministro Alexandre de Moraes tem certa ascendência”, disse, atribuindo sua situação a um processo que considera motivado politicamente.

Bolsonaro, que já está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral, reafirmou o desejo de disputar as próximas eleições, apesar das restrições impostas. O ex-presidente argumenta que o objetivo das autoridades seria retirá-lo de vez da vida política: “Não é um processo normal, eles querem me tirar, de vez, do jogo político, eu sou o único que pode ganhar do Lula”, afirmou.

Novas medidas: tornozeleira eletrônica e restrições

Bolsonaro foi alvo de uma operação da Polícia Federal, autorizada por Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Foram realizados mandados de busca e apreensão em seus endereços e na sede do Partido Liberal, em Brasília. Como medida cautelar, ele foi obrigado a utilizar tornozeleira eletrônica e está proibido de acessar redes sociais, além de não poder sair da região do Distrito Federal sem autorização judicial. Ele também deve cumprir recolhimento domiciliar entre 19h e 6h e aos finais de semana. O ex-presidente ainda está proibido de manter contato com outros investigados, além de embaixadores e diplomatas estrangeiros.

A decisão do STF considerou o risco de fuga de Bolsonaro, que teve o passaporte apreendido no início do ano, além de mencionar atos de possível obstrução à Justiça e tentativas de pressionar ou desestabilizar o Judiciário brasileiro. Alexandre de Moraes argumentou que Bolsonaro estaria articulando de forma consciente e coordenada com seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, nos Estados Unidos, visando interferir no andamento do processo judicial.

Defesa alega perseguição e humilhação

A defesa de Bolsonaro afirmou, em nota, que recebeu “com surpresa e indignação” a aplicação das medidas cautelares, ressaltando que ele sempre cumpriu as exigências da Justiça. A equipe jurídica ainda caracteriza as restrições como uma tentativa de “suprema humilhação” ao ex-presidente. O Partido Liberal, sigla de Bolsonaro, também divulgou nota expressando “estranheza e repúdio” diante das ações da Polícia Federal e do STF.

Situação processual

O Supremo Tribunal Federal já recebeu o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para condenar Bolsonaro e outros sete réus, entre eles antigos ministros e comandantes militares, por crimes ligados à tentativa de golpe. A expectativa é que o julgamento aconteça em setembro deste ano, com possibilidade de condenação a mais de 30 anos de prisão caso haja responsabilização por todas as acusações.

O desfecho deste caso é aguardado com forte repercussão tanto no Brasil quanto internacionalmente, e pode impactar o cenário político eleitoral do país nos próximos anos.