O Disque 100 registrou mais de 33.600 denúncias de violência contra idosos somente no primeiro semestre deste ano. E a deficiência auditiva, consequência do processo natural de envelhecimento, quando não é tratada, é mais uma causa, dentre tantas, de violência contra os mais velhos. São inúmeros os casos de agressões verbais e maus-tratos, principalmente por parte de familiares.
A violência psicológica, uma das formas mais com comuns, é uma triste realidade. Ela é caracterizada por atos de humilhação, desvalorização moral ou deboche, que abalam a autoestima do idoso e podem desencadear situações de isolamento, bem como depressão e distúrbios nervosos.
Estudo conduzido pela socióloga Maria Cecília Minayo, pesquisadora emérita da Fundação Oswaldo Cruz, mostrou que, em todo o mundo, mais de 60% dos casos de violência contra idosos ocorrem dentro de casa. “Normalmente os agressores vivem dentro de casa com a vítima. Dois terços desses agressores são filhos, que agridem mais do que as filhas, seguidos por noras ou genros, e cônjuges, nesta ordem. Os idosos quase não denunciam, por medo e para proteger os familiares”, revelou Minayo, acrescentando que “a violência faz parte da comunicação, quando se fala gritando, desprezando, abusando”, lembrou a pesquisadora.
A socióloga explica que a razão é cultural e atinge todas as classes sociais. “Essa ideia de que o idoso já não serve mais, é tão errônea no Brasil que 55% dos idosos brasileiros ou mantém financeiramente suas famílias ou ajudam a manter suas famílias. Retirá-los do convívio é como ‘deixa ele lá, tá quietinho, é velho’, quando ele deveria estar integrado na família”, pontuou.
Como lidar com idoso com perda auditiva não tratada
A perda de audição não tratada ainda é bastante comum. Por isso, para o familiar, o mais importante é ter calma para lidar com essas situações. Com frequência, o idoso que não ouve bem pergunta “o quê?” várias vezes durante uma conversação. E é preciso repetir quantas vezes for necessário, com frases curtas, até que ele compreenda. Isso vale, inclusive, no caso dos idosos que estão na fase de adaptação do aparelho auditivo. Não grite ou fale muito alto. Ao invés de ajudar, isso acaba dificultando o entendimento. O melhor é falar pausadamente. Gesticular também pode ajudar muito.
A fonoaudióloga da Telex Soluções Auditivas, Luciane de Sousa, pede que os familiares tenham paciência, principalmente neste momento em que as máscaras ainda são necessárias. “Falar um pouquinho mais alto, usar bastante os gestos, repetir as frases. A perda auditiva não tratada pode causar alguns problemas cognitivos, pode levar até ao Alzheimer”, ressaltou.
É fundamental também que crianças e adolescentes que convivem com esse idoso sejam educadas para que tenham paciência e carinho com ele. O apoio dos netos e sobrinhos é fundamental para que ele se sinta bem à vontade em família. Antes de tudo, dê você mesmo o exemplo!
É preciso ter paciência também para convencer o idoso, muitas vezes, a buscar tratamento. Enfatize que o que vai resguardá-lo de todas essas dificuldades e chateações é voltar a ouvir! E que isso é possível! O primeiro passo é buscar a orientação de um médico otorrinolaringologia e/ou fonoaudiólogo para avaliar o tipo e o grau de perda auditiva. Na maioria dos casos, o uso de aparelhos auditivos é a opção para a reabilitação auditiva.
“Atualmente, há no mercado uma diversidade de modelos de aparelhos auditivos que, por serem pequenos, discretos e com design moderno, estão ajudando a derrubar resistências e preconceitos. É extremamente importante que a pessoa com perda auditiva se beneficie da tecnologia para voltar a ouvir os sons da vida, retomando a autoconfiança e a alegria do convívio em sociedade”, aconselha, por sua vez, a fonoaudióloga Marcella Vidal, Gerente de Audiologia Corporativo da Telex.
Por isso, é imprescindível que aos primeiros sinais de dificuldade para ouvir se busque tratamento. Após a avaliação audiológica, caberá ao fonoaudiólogo indicar o tipo de aparelho auditivo é mais apropriado para cada paciente.