há 12 horas
Amanda Martins

O Brasil melhorou sua posição no Índice de Liberdade de Imprensa 2025, divulgado nesta terça-feira (9) pela ONG francesa Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Segundo o Metrópoles, apesar do avanço, o relatório aponta um quadro global extremamente grave para jornalistas, marcado pelo aumento de assassinatos, prisões e desaparecimentos ao longo do último ano.
Segundo a RSF, a melhora brasileira é resultado da normalização das relações entre Estado e imprensa após o início do terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em contraste com o período de hostilidade registrado durante o governo Jair Bolsonaro. Ainda assim, permanecem desafios significativos, como a violência estrutural contra profissionais, a concentração privada dos meios de comunicação e o impacto crescente da desinformação.
A entidade destaca que, na última década, ao menos 30 jornalistas foram assassinados no Brasil, incluindo casos emblemáticos como o de Dom Phillips, morto em 2022 enquanto investigava crimes ambientais na Amazônia.
China lidera repressão; guerra de Gaza amplia número de mortes
No cenário internacional, a RSF classifica a China como a “maior prisão aberta de jornalistas do mundo”, com 121 dos 503 profissionais detidos globalmente. O relatório também revela um aumento expressivo das mortes de jornalistas: 67 foram assassinados desde dezembro de 2024, quase 80% por forças armadas ou por organizações criminosas.
A guerra na Faixa de Gaza aparece como o fator mais determinante na escalada da violência. Israel é responsável por 43% dos assassinatos de jornalistas no último ano, afirma a ONG. Desde o início da ofensiva israelense, em outubro de 2023, cerca de 220 profissionais de mídia foram mortos no território palestino, 29 deles apenas nos últimos 12 meses enquanto trabalhavam.
A RSF acusa o exército israelense de mirar deliberadamente jornalistas, e relata casos como o do correspondente da Al-Jazeera Anas al-Sharif, morto em agosto sob alegações israelenses, sem provas, rebate a entidade, de que seria “terrorista disfarçado de jornalista”.
“Não se trata de balas perdidas. Os jornalistas estão sendo transformados em alvos”, afirmou Anne Bocandé, diretora editorial da RSF.
América Latina e outros focos de risco
Na América Latina, o México segue como o país mais perigoso para a imprensa, com nove jornalistas assassinados em 2025, principalmente por grupos ligados ao crime organizado e autoridades locais. A Ucrânia e o Sudão também registraram mortes em conflitos, segundo o documento. A entidade aponta ainda a existência de 135 jornalistas desaparecidos e 20 mantidos como reféns em países como Síria e Iêmen.
Países mais seguros
Noruega, Estônia e Holanda ocupam as três primeiras posições do ranking, consideradas as nações mais seguras para o exercício do jornalismo.
A RSF conclui o relatório com um apelo para que governos se comprometam com a proteção dos profissionais: “Os jornalistas não morrem; eles são mortos. A impunidade alimenta o ciclo de violência”, afirma Bocandé.