O candidato a vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) afirma que o Brasil vive “um momento excepcional, com um presidente com saudades da Ditadura que, se reeleito, põe em risco a democracia”, em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), desta quinta (8).
É esse risco que o convenceu a essa reaproximação junto ao PT. “Não é da urna eletrônica que Bolsonaro duvida; ele duvida do processo democrático, pois ele foi eleito cinco vezes pela urna eletrônica”, afirma.
O candidato a vice de Lula aponta que há muito ódio e um combate às instituições no governo atual e opina que poderia ser conduzido de outra forma, ao mirar na chanceler alemã Angela Merkel, que é uma democrata cristã, como exemplo, posicionada mais ao centro. “Ela convidou o PT de lá, a Social Democracia, a esquerda alemã, para compor o governo. A Alemanha deu um salto. Sempre que fazemos uma conciliação, em torno de projetos, de propostas para o país, acho que o país pode caminhar melhor, ao consolidarmos o processo democrático, fazermos as reformas que o Brasil precisa, fazer a economia andar mais depressa, ter emprego e renda, melhorar a educação, a saúde – em que estamos vivendo um negacionismo. Acho que sempre podemos avançar mais”, avalia.
A aceitação ao convite para compor a chapa de Lula, segundo Alckmin, vem para frear o desgaste que o Brasil vem sofrendo. “O Brasil precisa voltar à normalidade. Não é possível você ter, 24 horas, guerra com o Poder Judiciário, cooptação ao Legislativo, com o orçamento secreto. Fui deputado várias vezes e nunca houve isso”, analisa.
O candidato observa que em mais de 45 anos de vida pública, desde que se elegeu prefeito de sua cidade natal, Pindamonhangaba (SP), aos 24 anos, nunca viu um clima de animosidade como o atual. “Nunca vi um clima de ódio, a ponto de pessoas atirarem na outra numa festa de aniversário, porque apoia outro candidato. Essas coisas não são normais. O Brasil precisa voltar à normalidade”, reitera.
A campanha de Lula tem enfatizado três prioridades para o país: credibilidade, estabilidade e previsibilidade. “Acho que é isso que o Brasil precisa. E se reinserir na economia mundial. Hoje, o Brasil está fora, é tido como um pária no mundo, inclusive, em razão da devastação da Amazônia, que não é feita por agricultores, é feita por grileiros de terra, pelo apagão de Estado que o governo está tendo”, emenda.
Na opinião do candidato a vice-presidente, precisamos ter um país focado, com uma agenda correta, que trabalhe pelo desenvolvimento do emprego e renda e de políticas habitacionais – como o Minha Casa, Minha Vida. Ele também pleiteia que haja um ministro da Educação comprometido com a expansão da educação integral, com a qualidade de ensino, com a oferta de vagas na educação infantil e com o avanço das universidades.
Alckmin defende, ainda, a retomada da ciência. “O Brasil já foi um exemplo, um dos maiores do mundo na área de imunização. Fomos para trás na questão da saúde, da vacina. Hoje, a população está sofrendo muito e é a população mais velha. Houve uma mudança demográfica no Brasil”, observa o candidato, que é médico.
Manifestações de 7 de setembro
Sobre as manifestações pró-governo registradas em diversos pontos do país no feriado, Alckmin analisa que as comemorações passaram longe de exaltar os 200 anos da Independência, o povo brasileiro e o Brasil e ganhou um caráter “personalista”, “com péssimo exemplo de utilização de dinheiro público, para fazer comício eleitoral”. O candidato a vice afirma que já houve entrada de representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra o candidato à reeleição em função do que se observou no Desfile Cívico-Militar de 7 de setembro.
“Não se faz mais isso nem em cidade pequena: a utilização da máquina pública para campanha eleitoral. Também é muito negativo, porque foi uma coisa muito machista, desrespeitosa às mulheres, uma coisa de autopromoção. É um atraso. Acho que o Brasil não merece essas coisas”, pondera.
Confira a entrevista completa: