O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, negou à Polícia Federal (PF) qualquer intenção de fugir do país durante depoimento prestado na manhã desta sexta-feira (13/06). O depoimento ocorreu após a prisão do ex-ministro do Turismo Gilson Machado, acusado de tentar intermediar a emissão de um passaporte português para Cid, supostamente para viabilizar sua saída do território nacional.
Segundo a PF, as investigações apontam que Gilson Machado teria atuado junto ao consulado de Portugal em Recife, no dia 12 de maio, para obter a expedição de um passaporte português em favor de Mauro Cid. O objetivo seria facilitar a saída do militar do Brasil, em meio a investigações relacionadas à suposta trama golpista após as eleições de 2022. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu a abertura de inquérito contra Machado por obstrução da investigação e favorecimento pessoal.
Em seu depoimento à PF, Cid negou ter pedido ajuda para obter o passaporte português ou qualquer intenção de deixar o país. Ele afirmou que não teve contato com Gilson Machado desde o final de 2022, segundo as informações prestadas pelas partes envolvidas. O militar também foi questionado sobre a viagem de parte de sua família aos Estados Unidos, mas pessoas próximas a ele afirmam que a família já tem passagem de volta comprada, o que seria usado como argumento de que não havia intenção de fuga.
Gilson Machado, preso em Recife, negou ter tentado tirar o passaporte para Cid. Ele afirmou que o pedido ao consulado português foi feito apenas para seu pai, Carlos Eduardo Machado Guimarães, que possui cidadania portuguesa. Machado declarou que as ligações ao consulado comprovariam sua versão e que não teve contato com Cid desde o final de 2022.
Na manhã desta sexta, Cid foi preso pela PF, mas a prisão foi revogada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O motivo da revogação não foi detalhado pela Corte. Após prestar depoimento por cerca de duas horas e meia, Cid foi liberado e continua sob medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica e recolhimento domiciliar noturno, conforme o acordo de delação premiada.