Segunda-feira, 18 de Novembro de 2024

Coronavírus: ‘Médico Sem Fronteiras’ treina profissionais de saúde para atender população vulnerável

2020-04-07 às 08:53
MSF nurse Aiofe Ni Mhurchu’ giving some anti sea sikness pills to one of the 27 persons were rescued in the Mediterranean Sea, 2 of them are women. They were saved by a supply boat nearby an oil platform north Sabratah, 55 nautical miles from the Libyan coast. They come from Sudan, Somalia, Guinea Conacry, Ivory coast, Senegal and Nigeria. They were on a small wooden boat and spent a long time in Lybia, some of them in a detention center named Osama in Zouarah. January 8th, 2018

A organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) iniciou as atividades de combate à COVID-19 no Brasil. O trabalho começou na cidade de São Paulo, focado em pessoas em situação de rua, migrantes e refugiados, usuários de drogas, idosos e pessoas privadas de liberdade. Esses grupos, que já se encontravam em estado de grande vulnerabilidade mesmo antes da chegada da pandemia, enfrentam agora uma situação ainda mais grave.

A perspectiva é de que o aumento excepcional da demanda geral sobre serviços de saúde intensifique ainda mais as dificuldades de acesso a cuidados de saúde por parte dessa parcela da população. As condições de vida precárias enfrentadas por essas pessoas também dificultam a adoção de medidas de distanciamento social, essenciais para conter o avanço da doença e diminuir sua mortalidade.

Parceria

As atividades em São Paulo estão sendo realizadas em parceria com outras organizações e com as autoridades locais que já atuam com grupos em situação de vulnerabilidade, foco da ação de MSF. O trabalho contempla a realização de consultas médicas em pessoas em situação de rua para detecção de casos suspeitos de COVID-19 e triagem com encaminhamento dos doentes em estado grave para hospitais.

Nos primeiros dias de trabalho, iniciado na semana passada, foram atendidos 278 pacientes em atividades realizadas na rua, em abrigos e em um centro de atendimento de migrantes. Do total de atendimentos, 37 pacientes apresentaram sintomas suspeitos de COVID-19 e três destes casos, com sinais de gravidade, tiveram de ser encaminhados para hospitalização.

Orientações

Também são oferecidas orientações de higiene e distanciamento social àqueles com sintomas, para tentar evitar a disseminação do novo coronavírus. As equipes também vão atuar em albergues e prestarão atendimento em locais da região central de São Paulo por onde circula a população mais vulnerável.

“Estamos trabalhando para oferecer assistência a essas populações, já que a pandemia tende a acentuar a marginalização e exclusão à qual elas já estavam submetidas”, explica a médica Ana Leticia Nery, coordenadora do projeto de MSF em São Paulo. “Precisamos garantir que os mais vulneráveis sobrevivam a esta crise de saúde sem precedentes”.

Capacitação

Além das ações na rua, em abrigos e asilos, profissionais do MSF estão capacitando trabalhadores da área de saúde sobre utilização de equipamentos de proteção, higiene e procedimentos de distanciamento social. Na semana passada, foi realizado um treinamento para cerca de 200 funcionários da Fundação Casa (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente).

Paralelamente à atuação em São Paulo, o MSF está se preparando para iniciar atividades relacionadas à pandemia de COVID-19 no Rio de janeiro, também com foco na população mais vulnerável.

E em Boa Vista, capital do Estado de Roraima, a organização está colaborando com os esforços de combate à doença. Ela está presentes na cidade desde o final de 2018 com ações de reforço ao sistema de saúde local em função do aumento da presença de migrantes e refugiados venezuelanos na cidade. Um dos focos da atuação de MSF deve ser a assistência à população de migrantes e refugiados que vive em abrigos informais, com condições de higiene precárias e em espaços que impossibilitam ações de isolamento em caso de contaminação pelo novo coronavírus.

Informações e foto: Asscom / Médicos Sem Fronteiras