O tradicional “fluxo” de usuários de drogas na Cracolândia, região central de São Paulo, apresentou uma drástica diminuição nos últimos dias. Ruas que antes concentravam centenas de pessoas, como Gusmões, Andradas, Aurora, Santa Ifigênia, General Osório e Vitória, amanheceram vazias nesta terça-feira (13), marcando um cenário inédito para comerciantes e moradores da área.
A Prefeitura de São Paulo, sob gestão de Ricardo Nunes (MDB), atribui a redução a “ações integradas voltadas à saúde, assistência social, trabalho, zeladoria e segurança pública”, que teriam resultado em mais de 29 mil abordagens e 7.500 encaminhamentos para serviços municipais entre janeiro e março de 2025. Apesar disso, o poder público não informou para onde foram os dependentes químicos que deixaram a região, e não há dados oficiais sobre novos pontos de concentração.
Ações conjuntas da Polícia Militar, Guarda Civil Metropolitana (GCM) e equipes de assistência social intensificaram a presença no local, dificultando o acesso de traficantes e usuários à principal área de consumo, especialmente após o isolamento da região com tapumes e um muro de concreto construído pela Prefeitura.
O esvaziamento se intensificou no último fim de semana, surpreendendo até mesmo o prefeito Ricardo Nunes, que admitiu não saber o destino dos usuários e afirmou que parte deles pode ter migrado para outras áreas, embora não tenha revelado quais.
Comerciantes e moradores relatam alívio, mas também preocupação com a possibilidade de dispersão do fluxo para bairros vizinhos, como Santa Ifigênia e Bom Retiro.
Especialistas e entidades que atuam na região apontam que a política de dispersão dos usuários se tornou mais intensa e, segundo relatos, mais violenta nos últimos meses. Isso teria sufocado estratégias de sobrevivência dos dependentes, levando-os a deixar a área central. A Defensoria Pública e ONGs alertam que a dispersão pode dificultar o acesso dessas pessoas a serviços de saúde e assistência, agravando sua vulnerabilidade.