Em entrevista ao jornal O Globo, publicada neste domingo (4), o presidente do Grupo Madero, o prudentopolitano Luiz Renato Durski Junior, mais conhecido como chef Junior Durski, fez um mea culpa e afirmou estar arrependido de falas e posicionamentos que adotou no início da pandemia de covid-19, quando minimizou seus efeitos. O empresário, que contraiu uma dívida quase bilionária nos últimos anos, afirmou ao periódico carioca que se arrependeu de ter criticado a quarentena. Na ocasião, ele chegou a afirmar que o país não podia parar por causa de “cinco ou sete mil mortes”.
A título de ilustração, os dados mais recentes divulgados pela Fundação Municipal de Saúde (FMS) de Ponta Grossa atestam que, até o dia 29 de maio de 2023, o município acumula 1.628 mortes confirmadas por complicações da infecção. No Paraná, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SESA), são 46.104 óbitos – mais de 6,5 vezes a estimativa máxima dita por Durski.
O empresário paranaense também diz que se arrependeu de apoiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado na tentativa de reeleição. Na entrevista, o chef relembra o avô, dono de um açougue e um mercadinho, que dizia a ele: “Junior, quem abriu comércio não tem candidato, não tem político. Não pode tomar partido muito fácil porque para o negócio não é bom”.
Vale lembrar que as declarações azedaram a relação dos então sócios Junior Durski e Luciano Huck, apresentador da TV Globo, que decidiu desfazer a sociedade, após três anos.
Dívida
No segundo trimestre de 2022, o Madero apresentava dívida bruta próxima de R$ 1 bilhão – mesmo valor que tinha sido anunciado, um ano antes, como o montante de investimentos que seriam feitos em Ponta Grossa, onde o grupo possui, além de dois restaurantes (Madero e Jeronimo), uma fábrica que produz os insumos para a cadeia de restaurantes. O prejuízo da empresa acumula R$ 700 milhões; a queima de caixa deixou uma reserva de apenas R$ 40 milhões e o plano de expansão foi visto pelo mercado com apreensão.
Durski nega que suas afirmações tenham afetado o empreendimento, mas enfatiza que não repetiria uma declaração dessa espécie. Ele disse que não faria de novo e seguiria a recomendação do avô e tocar a vida. “A torcida é muito grande para que tudo dê muito certo. E naquilo que a gente puder ajudar é o que tem de acontecer. O Brasil é um país maravilhoso, forte, com um povo muito trabalhador, uma potência mundial em trabalho, em território, que é abençoado. Já passamos por tanto. Está difícil, mas nunca foi fácil”, afirma.
Abertura do mercado
O empresário demonstra otimismo com a possibilidade de abertura do mercado potencializada pela atual política econômica. “Não é que eu não entenda, mas o meu negócio no Madero é fritar hambúrguer. O input dos bancos está bem, mais devagar do que deveria, mas a perspectiva é que vai melhorar, que o mercado devagarinho vai retomando, como está retomando. O mercado de capitais deve abrir. Ninguém sabe quando, mas a gente tem de estar pronto. Vamos trabalhar como se não tivesse IPO (Initial Public Offering” ou “Oferta Pública Inicial). Ir pagando a dívida no fluxo”, avalia.
O termo “Madero” chegou a ser um dos trending topics (assuntos mais comentados) no Twitter, na manhã deste domingo (4), diante da repercussão da entrevista.