Quinta-feira, 10 de Outubro de 2024

Entenda o que é o ‘rio voador’, fenômeno que ajuda a explicar as tempestades de verão no Brasil

2022-02-01 às 16:52

As tempestades que vêm causando uma sequência de tragédias no Brasil desde o final do ano passado têm em comum um mesmo fenômeno. Assim como a água corre em terra, também há fluxos massivos de água nos céus.

Na América do Sul, um desses enormes corredores de umidade atmosférica vai da região amazônica até o centro-sul do país. Esse ‘rio voador’ carrega parte da água que evapora no norte para outras partes do território nacional.

“É uma região muito úmida e tropical, onde tem um aquecimento constante. A Floresta Amazônica por si só já despeja uma quantidade enorme de água na atmosfera pela evaporação”, explica Estael Sias, da Metsul Meteorologia. “O relevo da América do Sul, a cordilheira dos Andes, não deixa essa umidade escapar do continente, obrigando esse rio voador a descer.”

Se esse corredor de umidade se encontra com uma frente fria vinda do sul, as nuvens carregadas tendem a ficar concentradas por alguns dias em uma determinada região.

Um fenômeno potencializa o outro, formando um terceiro – a chamada zona de convergência do Atlântico Sul, que é recorrente durante o verão nesta região do planeta e provoca fortes chuvas. Foi o que aconteceu primeiro no sul da Bahia, no final do ano passado e, depois, em Minas Gerais, no início do mês de janeiro. Agora, foi a vez das chuvas torrenciais atingirem São Paulo, provocando mais inundações, deslizamentos e mortes.

Sias explica que o rio voador da América do Sul corre a uma altitude entre 5 a 10 km do solo e fica ativo durante o ano todo. Seu curso e alcance são influenciados pela dinâmica dos ventos na região e pela passagem de outros fenômenos pelo continente. “No inverno, um sistema de alta pressão atmosférica não deixa a maioria das frentes frias subirem até o Sudeste ou o Centro-Oeste, por isso é um período muito seco nessa parte do país, e o rio atmosférico consegue ir até mais ao sul”, afirma a especialista.

“No verão, esse bloqueio vai para o oceano, se afastando do continente, e as frentes frias conseguem subir. Quando sobe uma frente fria, ela se conecta à umidade amazônica, e elas vão andando juntas até parar em cima do Sudeste ou do Nordeste do Brasil e se transformar em chuvas e temporais”, explica.

Leia a matéria completa da BBC Brasil