Sábado, 19 de Abril de 2025

Estudantes de medicina gravam vídeo zombando de jovem que passou por quatro transplantes

2025-04-10 às 09:20
Foto: Reprodução

Duas estudantes de medicina estão sendo investigadas após publicarem um vídeo nas redes sociais, em que zombam de uma paciente internada no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da USP, que havia passado por quatro transplantes. O vídeo foi postado dias antes da morte de Vitória Chaves da Silva, de 26 anos, que enfrentava uma longa luta contra uma cardiopatia congênita, com três transplantes de coração e um de rim.

A publicação, que gerou indignação, foi feita por alunas que estavam no Hospital das Clínicas para um curso de extensão de curta duração. No vídeo, elas falam sobre o caso de Vitória sem mencioná-la pelo nome, mas fazem comentários desrespeitosos sobre seus transplantes. As estudantes afirmam, entre outras coisas, que “um dos transplantes de coração não foi bem-sucedido porque os medicamentos não foram tomados corretamente” e chegam a dizer que “a menina deve achar que tem sete vidas”. A publicação foi apagada depois da repercussão negativa, de acordo com a Banda B.

A família de Vitória registrou um boletim de ocorrência na terça-feira (08) e acionou o Ministério Público, pedindo a retratação das estudantes. O caso agora está sendo analisado pela Promotoria de Justiça de Direitos Humanos da Capital.

Contexto de Vitória e sua história médica

Vitória, diagnosticada com Anomalia de Ebstein, uma grave cardiopatia congênita, iniciou sua trajetória médica ainda na infância, após se mudar para São Paulo para tratar da doença. Ela passou por seu primeiro transplante de coração em 2005, o segundo em 2016 e o terceiro em 2023, além de um transplante renal em 2023. A jovem faleceu devido a choque séptico e insuficiência renal crônica.

Repercussão e apuração

Em resposta à situação, a Universidade de São Paulo (USP), onde o curso de extensão foi realizado, repudiou a conduta das estudantes, afirmando que elas são graduandas de outras instituições e que medidas de reforço à ética estão sendo adotadas. O Incor também se manifestou, informando que está apurando o ocorrido e tomando as medidas necessárias.

O Ministério Público de São Paulo comunicou que o caso foi protocolado na Promotoria de Justiça de Direitos Humanos e está em análise.