Sábado, 24 de Maio de 2025

“Fake news matou minha mãe”, diz filha de mulher que inspirou a novela ‘Travessia’

2022-10-28 às 10:37

No dia 5 de maio de 2014, a dona de casa Fabiane Maria de Jesus foi cruelmente torturada por uma multidão. Ela saiu de casa, no bairro de Morrinhos, no Guarujá, litoral de São Paulo, para ir à igreja e, no caminho, foi confundida com uma suposta sequestradora de crianças –os linchadores tinham visto um retrato falado da suspeita que rodava a internet. Fabiane foi internada na UTI, mas não resistiu aos ferimentos, morrendo dois dias após o crime. Ela deixou duas filhas: Yasmin, então com 13 anos, e Ester, 1 ano.

O caso que chocou o país há quase dez anos inspira a trama da atual novela das nove da TV Globo, “Travessia”, da autora Glória Perez, e reabre a discussão sobre um tema cada vez mais presente, as fake news. Para Yasmin, hoje com 21 e uma filha de 1 ano e 9 meses, a história nunca viu um fim –além das marcas emocionais deixadas pela barbárie, ela ainda luta na justiça contra o Facebook.

A ação indenizatória no valor de R$ 36 milhões (sendo R$ 12 milhões para cada parte; o viúvo e as duas filhas) foi julgada improcedente em primeira e segunda instâncias e agora aguarda julgamento de recurso extraordinário no Supremo Tribunal Federal (STF).

“A questão central é que continuamos convictos de que o Facebook também é responsável. A empresa detinha na época e ainda detém o direito de apagar mensagens de ódio ou incitação à violência e de bloquear a página ou o perfil imediatamente, embora alegue que não. É o primeiro caso de fake news com morte do Brasil, e uma morte com requintes de crueldade medieval. E o Facebook não só não bloqueou, como ajudou a movimentar o conteúdo que matou Fabiane”, diz Airton Sinto, advogado da família de Yasmin.

Embora Fabiane tenha sido espancada e arrastada pelas ruas por uma multidão, na ação criminal apenas cinco suspeitos foram identificados e presos, condenados à pena máxima.

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