O Ministério de Minas e Energia (MME) divulgou novas medidas para conter a crise de energia decorrente da forte estiagem. Entre elas está a proposta da redução no valor da conta para consumidores residenciais e de grande porte que reduzirem o gasto. Além disso, existem sinalizações para que a tarifa da bandeira vermelha dobre ainda este ano.
“Está ocorrendo aí um déficit”, contou ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição o professor Pedro Luiz Côrtes, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, “não só por conta do uso das termelétricas, mas também não ocorreu uma redução tão significativa no consumo como era esperado”. Segundo ele, desde que a crise hídrica foi reconhecida, o governo vinha sinalizando com a redução da cobrança de energia elétrica para consumidores que conseguissem reduzir o consumo de energia.
De acordo com Côrtes, o governo está apelando para a redução do consumo pelo setor público de forma incomum, para tentar remediar a situação de gastos e custos envolvendo a estiagem e o uso de termelétricas. “O importante é que essa conta feche no final de cada mês ou de cada ano, não carregando déficits para anos posteriores”, destaca o professor, que explica que a ocorrência de déficits pode levar a um tarifaço sobre a conta de luz. “Se o governo não equacionar adequadamente esses custos, esses aumentos, nós podemos ter que pagar essa conta de uma vez só em 2023”, diz Côrtes.
Quanto às medidas envolvendo racionamento, o professor acredita que sejam pouco prováveis. Para ele, apesar dos prognósticos anteriores, que alertaram para a atual estiagem, as propostas de racionamento são pouco prováveis por conta de questões eleitorais. Dessa forma, a atual gestão possivelmente levará um possível déficit durante o período eleitoral. Ainda segundo ele, isso leva à possibilidade de apagões em certas áreas, devido à alta demanda de consumo elétrico. “O racionamento não está no vocabulário do governo, mas a ocorrência de apagões é infelizmente possível”, conclui Côrtes.
Informações Jornal da USP. Foto Pexels