Sexta-feira, 26 de Setembro de 2025

Haddad anuncia criação de delegacia para combater crimes financeiros em meio à Operação Spare

Proposta será enviada ao Ministério de Gestão e Inovação
2025-09-25 às 19:49
Agência Brasil

Por: Amanda Martins

Nesta quinta-feira (25), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou a criação de uma delegacia especializada no combate aos crimes contra o sistema financeiro. O anúncio ocorreu no mesmo dia da Operação Spare, desdobramento da Operação Carbono Oculto, que investiga uma organização criminosa ligada à lavagem de dinheiro por meio de postos de combustíveis, fintechs e exploração de jogos de azar.

Segundo Haddad, a nova unidade funcionará dentro da Receita Federal e terá como objetivo enfrentar de forma estruturada o crime organizado e suas conexões com a economia real. A proposta será enviada nas próximas semanas ao Ministério de Gestão e Inovação (MGI).

Detalhes da operação

A Operação Spare foi deflagrada a partir de movimentações financeiras suspeitas. De acordo com o ministro, as empresas investigadas movimentaram R$ 4,5 bilhões, mas recolheram tributos sobre apenas 0,1% desse valor.

A ação resultou no cumprimento de 25 mandados de busca e apreensão, com a participação de 110 policiais militares do Comando de Choque de São Paulo, além de agentes da Receita Federal, Procuradoria-Geral do Estado e Secretaria da Fazenda. Foram apreendidos quase R$ 1 milhão em espécie, 20 celulares, computadores e uma arma de fogo.

Estrutura criminosa

As investigações revelaram que a organização criminosa utilizava diferentes setores para lavar dinheiro, incluindo postos de combustíveis, uma rede de motéis, empresas de fachada e estabelecimentos do setor hoteleiro.

O promotor Silvio Loubeh, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), explicou que a apuração começou a partir de casas de jogos na Baixada Santista. A partir disso, foi identificada uma rede de negócios usada para o branqueamento de capitais.

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, destacou que facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), passaram a expandir suas atividades para além do tráfico de drogas, alcançando a economia formal e até o ambiente político.

O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, defendeu medidas mais rigorosas no controle da importação de petróleo e derivados, apontando para a necessidade de avanços no enfrentamento da infiltração do crime organizado em setores estratégicos.