Por ocasião do Dia Nacional de Combate ao Fumo, 29 de agosto, o médico pneumologista Álvaro Gradim, presidente da Associação dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo (AFPESP), alerta que, além de estar relacionado entre as causas de aproximadamente 50 enfermidades e ser considerado doença pandêmica pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo pode tornar as pessoas mais vulneráveis ao novo coronavírus. “Trata-se de um fator de risco para transmissão e evolução da infecção para formas mais graves”, explica.
Fumar exige manipular as embalagens e os cigarros, levá-los à boca, tirando a máscaras, muitas vezes em lugares públicos, aumentando o risco de contaminação. O mesmo se aplica ao narguilé, cigarro eletrônico, charuto e cachimbo. “Assim, o fumante coloca-se e expõe outras pessoas a um risco duplo: contaminar-se pelo novo coronavírus; e os conhecidos efeitos negativos do tabaco para o organismo humano”.
Álvaro Gradim ressalta que, além da possibilidade de facilitar a contaminação, o tabagismo provoca inflamações que prejudicam os mecanismos do sistema imunológico. “Não é sem razão que os fumantes são mais suscetíveis a infecções por vírus, bactérias e fungos e contraem com mais frequência doenças como sinusites, traqueobronquites, pneumonias e tuberculose”, acentua, acrescentando: “Pode-se afirmar que fumar é um agravante da Covid-19, enfermidade que ataca o pulmão, órgão comumente mais comprometido nos indivíduos portadores do vício, que têm mais probabilidade de desenvolver sintomas graves”. O cigarro também provoca problemas para os chamados fumantes passivos, que inalam a fumaça dos viciados.
O risco de câncer
Álvaro Gradim salienta que o tabagismo, comprovadamente, é responsável por cerca de 90% dos casos de câncer de pulmão, dado corroborado pelas autoridades e instituições oficiais de saúde brasileiras. “O vício também é uma das principais causas de 50 doenças. Além disso, mais de 150 mil pessoas morrem precocemente todo ano no Brasil devido às enfermidades relacionadas a esse nocivo hábito”.
As enfermidades relacionadas ao hábito de fumar são as seguintes: câncer (pulmão, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, colo de útero e leucemia); enfisema pulmonar; bronquite crônica; asma; infecções respiratórias; doenças cardiovasculares, como angina, infarto agudo do miocárdio, hipertensão arterial, aneurismas, acidente vascular cerebral e tromboses; úlcera do aparelho digestivo; osteoporose; catarata; impotência sexual no homem; infertilidade na mulher; menopausa precoce; e complicações na gravidez.
Mobilização nacional
“Precisamos fazer uma grande mobilização nas famílias, empresas, entidades de classe e em toda a sociedade, visando à conscientização das pessoas. É preciso orientá-las e, mais do que isso, ajudá-las a se libertarem do vício. Também é prioritária ação preventiva dirigida aos adolescentes e jovens, para que não se tornem fumantes”, salienta o pneumologista.
É possível contar com ajuda médica para o abandono do vício, que pode e deve ser tratado como uma doença. Uma boa alternativa é o Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (CRATOD), que oferece atendimento gratuito, no Estado de São Paulo, para quem deseja parar de fumar. O serviço é prestado em todos os municípios paulistas. Para saber como e onde buscar atendimento, basta acessar o site https://www.saude.sp.gov.br/cratod-centro-de-referencia-de-alcool-tabaco-e-outras-drogas/tratamento/locais-para-tratamento-de-tabagismo.
Em todo o Brasil há serviços específicos para quem quer abandonar o vício. O SUS articulou a criação, com secretarias da saúde estaduais e municipais, de grupos para orientação e tratamento, observa o presidente da AFPESP.
Dia Nacional de Combate ao Fumo, 29 de agosto, visa reforçar as ações de sensibilização e mobilização da população para os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco. Criada em 1986 pela Lei Federal 7.488, a data marca a caracterização do tabagismo como problema de saúde pública.
da assessoria