As manifestações recentes no Brasil, como a ocorrida no Rio de Janeiro, convocadas por Jair Bolsonaro para pressionar por anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, não parecem ter alcançado o impacto desejado, conforme comentaristas políticos ouvidos pelo D’Ponta News. A falta de adesão significativa a esses eventos pode enfraquecer a tese da anistia, que já enfrenta forte oposição de juristas e da sociedade civil.
– Ato no Rio de Janeiro: No domingo, 16 de março, apoiadores de Bolsonaro se reuniram na orla de Copacabana para pedir anistia aos envolvidos nos ataques golpistas. O evento contou com a presença de políticos da extrema-direita, mas não conseguiu mobilizar uma grande massa de pessoas.
– Investigações e Condenações: Até o momento, 481 pessoas foram condenadas pelo STF por participação nos ataques, com penas que chegam a 17 anos e 6 meses de prisão. Além disso, 542 acordos de não persecução penal foram firmados.
Juristas consideram a anistia um mau exemplo para o país, enfraquecendo a democracia brasileira. Segundo Gustavo Sampaio, professor de Direito Constitucional da UFF, conceder anistia seria o mesmo que dar um mau exemplo, permitindo que os criminosos acreditem que poderão agir novamente contra o Estado Democrático de Direito sem consequências.
Já para o jornalista e analista político, Rafael Guedes, as manifestações demonstram que o povo é contra a anistia política aos envolvidos no ato. “Em outras cidades do Brasil, fora o Rio de Janeiro, a participação foi mínima. Isso indica que o povo realmente não concorda com o que aconteceu no 8 de janeiro, mesmo para aqueles mais radicais, que agora estão repensando alguns dos atos realizados”, afirmou.
A falta de apoio popular às manifestações pode dificultar a aprovação de projetos de anistia no Congresso. Além disso, a pressão internacional e a opinião pública nacional continuam a ser desfavoráveis à ideia de perdoar crimes contra a democracia.
Os atos golpistas de 8 de janeiro geraram prejuízos financeiros significativos, com danos ao patrimônio público estimados em pelo menos R$ 26,2 milhões. A anistia poderia ser vista como uma forma de desresponsabilizar os envolvidos, o que poderia ter consequências negativas para a estabilidade social e política do país.