Rosana destacou o avanço da variante Delta, que fez mudar o cenário no Brasil há uma semana. De modo geral, segundo a secretária, ainda não há aumento de internações no País, mas situações “pontuais”. O Ministério tem recebido relatos de governos locais com preocupação em relação aos idosos.
Segundo Rosana, um fórum neste mês vai debater a programação da dose de reforço, com qual imunizante seria feita essa aplicação e se poderia haver intercambialidade, utilizando, por exemplo, marcas diferentes para o reforço em relação às duas doses tomadas no primeiro semestre. Um estudo do Ministério, que teve início nesta segunda-feira, vai testar a resposta imune de pessoas vacinadas com a Coronavac após receberem uma dose de reforço.
“Se formos pensar numa terceira dose, a gente está calculando pelo quantitativo dos grupos, trabalhar priorizando determinados grupos. Só que isso a gente não decidiu ainda, se teremos ou não terceira dose. Existem outras variáveis que são analisadas. Inclusive nossa câmara técnica assessora tem reunião esta semana para definir principalmente a parte dos estudos científicos, mas conseguiríamos fazer esse ano, sim”, disse Rosana.
A Comissão Temporária da Covid-19 no Senado discutiu especificamente a necessidade de dar a terceira dose para idosos. Países como Israel e Chile, que têm vacinação da população adulta mais adiantada, já iniciaram a aplicação do reforço em idosos. Para a diretora da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Meiruze Freitas, a decisão deve ser tomada com cautela, considerando a necessidade de tornar a distribuição de vacinas mais equânime.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) é contrária à dose de reforço antes que os países alcancem maior vacinação dos adultos. “Uma decisão de terceira dose não deveria ser generalizada, mas tomada a partir dos dados epidemiológicos de acompanhamento da vacina, levando em consideração os grupos mais vulneráveis. A decisão tem de ser sempre ponderada, os líderes devem levar em consideração ampliar a vacinação mundial”, disse Meiruze.
Para a pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo, que também participou da audiência no Senado, os dados mostram aumento de internações de idosos e expõem a necessidade de se discutir a estratégia de reforço. “Já observamos, nos últimos 10 dias, aumento da demanda por hospitalizações. Tínhamos parado de hospitalizar pacientes idosos e voltamos a hospitalizar. A grande maioria dos que estão sendo hospitalizados foram vacinados com duas doses da Coronavac”, disse a pesquisadora. Para ela, “o Brasil tem de estar aberto à dose de reforço e precisa definir quem seriam os grupos prioritários”.
Margareth defende que pessoas acima de 70 anos vacinadas com imunizantes de vírus inativado, profissionais de saúde e pessoas com imunodeficiências sejam as primeiras a receber a dose extra. “A epidemia rejuvenesceu no Brasil, a média de idade de internados chegou a ser 53 anos, revelando proteção das vacinas. No entanto, nos últimos dias no Rio de Janeiro, já estamos internando pacientes com duas doses.”
do Terra