Depoimentos de funcionários e ex-funcionários da Cacau Show e de uma unidade hoteleira vinculada à empresa motivaram a abertura de um inquérito no Ministério Público do Trabalho em São Paulo. Segundo informações apuradas pela Folha de São Paulo, o caso está sob responsabilidade da procuradora Patricia Mauad Patruni Isotton, com atuação em Itapevi, na Grande São Paulo.
O procedimento investigativo foi iniciado após o recebimento de denúncias no dia 16 de maio, enviadas pela Associação União de Franqueados — entidade que representa lojistas da rede. Os relatos incluem alegações de “condições precárias de trabalho, assédio, homofobia, jornadas exaustivas e pressão para participação de rituais”.
Ainda segundo a Folha, os materiais entregues à procuradora também incluem cópias da trilogia A Doce Amargura, escrita por Náira Alvim Passionoto sob o pseudônimo Helena do Prado. Ex-franqueada, a autora reuniu relatos que apontam dificuldades enfrentadas por parceiros da marca.
Em nota, a Cacau Show afirmou que “conta com um canal de denúncia gerido por empresa independente, que garante anonimato e imparcialidade” e que os relatos são “rigorosamente apurados e resultam em medidas cabíveis sempre que necessário”. A empresa declarou ainda: “Reforçamos nosso compromisso de continuar investigando todos os casos com seriedade, para assegurar um ambiente ético, respeitoso e transparente”.
Embora a apuração esteja em estágio preliminar e ainda sem processo judicial, a procuradora planeja realizar uma audiência nas próximas semanas.
A reportagem da Folha de São Paulo publicada no sábado (31) também mencionou que franqueados e ex-franqueados relataram outros problemas, como “taxas consideradas abusivas”, “ameaças veladas ou diretas” por parte de consultores da rede, “multas teoricamente inexplicáveis” e uma suposta prática de “culto à personalidade” em torno do CEO e fundador da empresa, Alexandre Costa.
A empresa, que possui mais de 4.600 unidades no país, contesta todas as acusações e reafirma que os relatos “não representam o que somos”. Em mensagem interna enviada a franqueados e equipes de venda na última segunda-feira (2), Alexandre Costa declarou: “Quero deixar claro que rejeitamos veementemente qualquer afirmação ou acusação que vá contra os valores que sempre nos guiaram”.
No mesmo dia, a autora dos livros críticos à rede, Náira Passionoto, recebeu comunicado de rescisão do contrato da unidade que administrava em Rancharia (SP). A Cacau Show alegou que a tentativa de transferência da loja foi frustrada e que “não há mais interesse na continuidade da relação estabelecida no contrato de franquia”.