Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2024

Não é possível comparar eficácia entre vacinas, afirma pesquisadora da UEPG

2021-06-23 às 10:40

Nas últimas 24 horas, 101.698 pessoas receberam pelo menos uma dose da vacina contra a Covid-19 no Paraná, conforme dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa/PR). Divididas entre os imunizantes Coronavac, Oxford/Astrazeneca e Pfizer, as doses têm sido alvo de comparações e preferências em razão das reações pós-aplicação.

“Vacinas não são uma questão de escolha pessoal e não fazem parte de um cardápio, onde é possível escolher qual tomar”, explica a professora da UEPG Elisangela Gueiber Montes, especialista em Microbiologia e Imunologia. “A melhor vacina é aquela que estará disponível para ser aplicada quando chegar o momento de cada um recebê-la”, adiciona.

A pesquisadora ressalta que a vacinação é um ato coletivo. “Precisamos do maior número de pessoas imunizadas, para conter a circulação do vírus e romper o ciclo pandêmico”, pontua Montes. Nesta entrevista, a professora e porta-voz da Universidade Estadual de Ponta Grossa na campanha #TodosPelaVacina, que reúne instituições de ensino superior do Paraná, Fundação Araucária e Superintendência de Ensino Superior, Ciência e Tecnologia, explica as diferenças entre as vacinas.

É possível comparar a eficácia entre diferentes vacinas contra Covid-19?

Não é possível comparar a eficácia entre diferentes vacinas, pois cada estudo de desenvolvimento e testagem dos imunizantes foi realizado de uma forma diferente, com critérios distintos para testagem e com grupos de pessoas com características de exposição diferentes. Desta forma, não é correto dizer que um é melhor ou pior que outra e tentar fazer escolhas baseadas em conclusões e informações infundadas.

O que significa eficácia? 

No caso das vacinas, pode-se relacionar eficácia à capacidade de redução do número de infectados dentro de uma população de 100 pessoas. Por exemplo, em uma vacina como 80% de eficácia, pode-se afirmar que, a cada 100 pessoas que teriam Covid, se forem vacinadas, apenas 20 delas irão infectar-se com o vírus, ou seja, prevenir-se de qualquer nível de desenvolvimento da doença, incluindo casos muito leves e assintomáticos. Mas o ponto mais importante do estudo de uma vacina está na prevenção do desenvolvimento da doença sintomática moderada ou grave e do número de óbitos. Nesse ponto todas as vacinas em uso no país comprovaram reduzir essas formas e o número de óbitos de forma muito semelhante.

Como podemos saber se as vacinas são de fato confiáveis e seguras?

Todas as vacinas, aprovadas pelos órgãos regulatórios passam previamente por uma sequência de etapas rigorosas de testes, começando em laboratório, passando por testes em animais e somente depois o produto é colocado à prova em ensaios clínicos com centenas e milhares de pessoas. Após essa sequência de avaliações, ocorrem ainda apreciações por parte dos órgãos regulatórios de cada país, com a Anvisa no Brasil, que só efetuam a liberação para aplicação na sua população, após verificarem que realmente há comprovação de segurança e eficácia.  

Por que quem já foi imunizado com as duas doses não pode deixar de usar máscara e de tomar os demais cuidados preventivos para Covid-19? 

Apesar das vacinas protegerem o indivíduo das formas moderada e grave da doença, elas não impedem que ele se contamine com o vírus e de que o transmita para outras pessoas. Desta forma, como ainda temos uma parcela pequena da população brasileira vacinada com duas doses (cerca de 11%), há uma quantidade muito grande de vírus circulando e com possibilidade de contaminar as pessoas e nelas ainda sofrer mutações, levando ao surgimento de novas variantes. Para que, futuramente, as pessoas possam deixar de usar máscaras, é necessário que a grande maioria da população esteja completamente imunizada, ou seja, entre 70% e 80% das pessoas.

Montes é doutora em Ciências Farmacêuticas, mestre em Ciências Biológicas, especialista em Microbiologia e Imunologia e graduada em Farmácia-bioquímica pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). É professora na instituição desde 2010, onde leciona, entre outras, as disciplinas de Imunologia, Imunologia Clínica e Microbiologia Clínica.

Esta entrevista faz parte de uma campanha de conscientização sobre a vacinação contra a Covid-19, idealizada pela Fundação Araucária. A UEPG integra a campanha junto com a Superintendência de Ensino Superior, Ciência e Tecnologia, a Universidade Estadual de Maringá, a Universidade Estadual de Londrina, a Universidade Estadual do Centro-Oeste, a Universidade Estadual do Norte do Paraná, a Universidade Estadual do Paraná, a Universidade Federal do Paraná, a Universidade Tecnológica Federal do Paraná, a Universidade Federal da Fronteira Sul, a Universidade da Integração Latino-Americana, o Instituto Federal do Paraná, a Fundação de Apoio da Universidade Federal do Paraná e a Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

da CCOM UEPG