Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2024

Para Alckmin, chapa com Lula representa a união de duas grandes experiências

2022-09-08 às 14:02

“O vice é o copiloto. Acho que posso ajudar muito, porque vamos unir duas experiências importantes”, pondera o candidato a vice Geraldo Alckmin (PSB), que integra a chapa de Lula a presidente. Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), desta quinta (8), Alckmin também aborda o trabalho que a chapa pretende desenvolver junto ao setor agrário nos próximos anos.

Nessa junção de experiências há, de um lado, o presidente Lula, que ao longo de oito anos de mandato fez a economia brasileira crescer mais de 4% ao ano – e 7,5% no último , reduziu o desemprego e manteve a inflação sob rigoroso controle, na visão do candidato. De outro lado, o próprio Alckmin, que acumula 14 anos como governador de São Paulo e outros seis anos como vice de Mário Covas.

O ex-governador paulista acredita que essas duas experiências vão ajudar o país a recuperar emprego e renda, que são demandas para as quais, na análise do candidato a vice, “o Brasil tem pressa”.

“Precisamos priorizar a saúde e preservar o meio ambiente. Um hectare de floresta devastada e queimada emite 150 toneladas de carbono. Precisamos fazer acordos internacionais para o Brasil crescer e exportar mais”, ressalta.

Alckmin avalia que o Brasil precisa, também, de uma agenda de competitividade; de reforma e simplificação tributária, com redução de custo de capital. “Essa é a agenda que interessa ao povo brasileiro, e não essa brigalhada estéril. Só tem uma razão em tentar se manter no poder quando não tem merecimento para poder ter um novo mandato. Acho que a população enxerga bem as coisas e as pesquisas mostram isso, de maneira muito clara”, aponta.

Economia e crescimento

Alckmin avalia que o país precisa voltar a investir no crescimento inclusivo e no salário mínimo com ganho real para atender a quem mais precisa. “Não é possível que tenhamos mais de 33 milhões de pessoas passando fome, que não conseguem fazer três refeições por dia”, critica.

O candidato menciona que 71% dos aposentados e pensionistas recebem apenas um salário mínimo para sobreviver, por mês. “Imagine um idoso sem casa própria viver com R$ 1212, precisando de remédio”, diz.

De outro lado, Alckmin defende crescimento com estabilidade. “A inflação não é neutra. Veja a inflação do leite, a inflação do café da manhã é de mais de 30%”, diz.

Compromisso com o agro

Alckmin considera que a agricultura brasileira é a mais eficiente dos trópicos no mundo e que é um caso de sucesso. “Temos pesquisa, através da Embrapa, e de produtividade é campeã. Sou filho de veterinário, meu pai foi formado veterinário na primeira turma da Universidade de São Paulo (USP), em 1934. Morei até os 16 anos de idade só em zona rural, na fazenda em que meu pai trabalhava, e sou pequeno produtor rural”, frisa.

A plataforma da candidatura Lula-Alckmin destaca o compromisso com o crédito rural. “Hoje está muito caro. No tempo do presidente Lula, era 3,5% os juros e hoje é mais de 15%”, aponta. Alckmin menciona que, no governo Lula, houve o Moderfrota, programa do BNDES para financiamento para aquisição de tratores, colheitadeiras, plataformas de corte, pulverizadores, plantadeiras, semeadoras e equipamentos para beneficiamento de café.

O candidato relembra que, no governo Lula, houve financiamento para custeio e para silagem, melhoria de infraestrutura e aumento da inserção internacional do Brasil no comércio exterior. Alckmin defende que se façam mais acordos internacionais para fortalecer o comércio exterior.

“Temos hoje um risco preocupante, que é a questão dos fertilizantes, pois estamos dependendo de pouquíssimas empresas na Rússia e no Canadá. Precisamos investir na indústria para a agricultura. Sou um defensor do agro e o agro não gera só emprego no campo, ele gera na cidade, nos serviços, na indústria e o cooperativismo”, ressalta.

Alckmin aponta o Paraná como um exemplo de cooperativismo e associativismo e avalia que as cooperativas de crédito precisam de apoio para crescer, “pois o custo de capital no Brasil é muito alto”. Ele próprio se define como cooperativista, pelo fato de ser um médico cooperado na Unimed. Também destaca o fato de o Paraná ser sede das maiores cooperativas agrícolas do mundo.

“Fortalecer o associativismo, o cooperativismo, melhorar a logística, mais acordos internacionais, segurança jurídica. Esse é um setor estratégico para o país. Quero dizer que quase dobrou a produção agrícola nos 12 anos do PT, quase dobrou a produção agrícola de grãos”, ressalta.

Sem misturar política e religião

Questionado sobre a religião, que tem exercido, de alguma forma, um papel de influência nas decisões do eleitorado, Alckmin se apresenta como cristão católico e menciona que o pai foi seminarista. “Meu pai sabia Teologia, sabia grego, latim. Seminário do tempo antigo. Saiu no último ano. E era franciscano da Ordem Terceira de São Francisco: a ordem primeira é o frei; a ordem segunda, a freira e a terceira, o leigo. Desde criança, a vida religiosa em casa era presente, como é até hoje”, relata.

No entanto, Alckmin defende que não se misturem religião e Estado. “Temos que defender nossa fé, nossos valores cristãos, mas não fazer disso para ganhar voto. Aliás, é um mandamento: ‘Não usarás seu santo nome em vão’. E um dos ensinamento de Cristo é ‘Amai-vos uns aos outros’. Então, sempre procurei fazer a vida pública como um serviço de amor ao próximo, com as minhas limitações, mas sempre procurei fazer dessa forma. Quando saímos candidatos, pedimos ao povo uma chance para servir”, define.

Alckmin também se manifesta contra o aborto, por considerar que o Brasil já tem uma legislação sobre a questão, que não deveria ser alterada. “Aliás, quero deixar claro que essa é também a posição do Lula, já manifestada”, enfatiza.

Saúde

Médico anestesista, Alckmin se formou na Universidade de Taubaté e fez residência no Hospital do Servidor Público Estadual, também chefiou o serviço de anestesia da Santa Casa de Pindamonhangaba, onde também foi anestesista médico do Hospital da Unimed.

Hoje professor universitário, Alckmin está fazendo o doutorado. Sua tese pesquisa a dor lombar crônica inespecífica e avalia se a acupuntura ou se o laser seriam o tratamento mais eficaz.

O interesse sobre o tema, segundo ele, veio da experiência, durante dois anos, no ambulatório de dor no Hospital das Clínicas de São Paulo. Segundo ele, a acupuntura tem dois grandes benefícios: o de tratar a dor sem o uso de antiinflamatório, analgésico ou relaxante muscular e o de que ela trata a saúde como um todo. “É o conceito do yin-yang. A medicina chinesa tem mais de 2 mil anos e, para ela, o envelhecimento é normal, não é doença. Envelhecimento é normal, doença é desequilíbrio. Se a pessoa está com excesso de yang, por exemplo, pode ter um AVC, porque está muito nervosa, agitada, com insônia. Se está com falta, por exemplo, de yin, já acorda cansado, fadigado, com fraqueza. Você precisa fortalecer, tonifica. Tem pontos que tonifica e pontos que drena”, explica.

Alckmin afirma que, como vice-presidente, pretende ajudar, através do SUS, a expandir o uso da acupuntura em benefício da população.

Confira a entrevista completa de Geraldo Alckmin: