Domingo, 15 de Dezembro de 2024

PCC teria gasto R$ 5 milhões para resgate de Marcola e ataque a Moro, revela Estadão

2023-03-23 às 11:30

do Estadão

Era janeiro quando o promotor Lincoln Gakiya e o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Luiz Sarrubbo, desembarcaram em Brasília. Levavam na bagagem as informações bombásticas de uma testemunha protegida localizada pelo Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco): o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR), e sua mulher, a deputada federal Rosângela Moro (União Brasil-SP), e os dois filhos do casal estavam sendo seguidos pela Sintonia Restrita, o setor de operações especiais do PCC.

Havia seis meses que os bandidos comandados por Janeferson Aparecido Mariano, conhecido como Nefo ou NF, receberam a ordem para monitorar o alvo. Alugaram chácaras na região de Curitiba – em uma delas foi construída uma parede falsa em um dos cômodos para esconder armas e dinheiro. Nefo também alugou uma casa perto da residência dos Moro e uma sala comercial ao lado do escritório político do senador, em Curitiba. Os bandidos fotografaram o cotidiano do casal e de seus filhos. Escola, academia, compras e reuniões: tudo foi acompanhado pelos bandidos.

O grupo contava ainda com Reginaldo Oliveira de Sousa, o Rê, integrante da Sintonia Final dos 14, o grupo responsável pelas ordens aos faccionados em liberdade. Eles teriam providenciado carros blindados para a ação. Investigadores do caso desconfiam que toda a vigilância sobre a família Moro tinha como mais provável objetivo o sequestro do senador, da deputada e dos filhos, que seriam mantidos reféns em uma das chácaras, para obrigar o Estado a negociar a libertação de Marcola ou sua retirada do sistema penal federal.

“O resgate de Marcola é questão de honra para o PCC. Dinheiro tem de sobra”, afirmou o promotor Gakiya ao Estadão. Gakiya era outro dos alvos do plano do PCC, ao lado de agentes penitenciários e policiais de Mato Grosso do Sul e de Rondônia. O ataque às autoridades era o chamado Plano B da facção. Ele estava pronto para ser executado quando o promotor e Sarrubbo chegaram a Brasília. Além de informar a cúpula da PF sobre o caso, os dois também avisaram a Polícia Legislativa. Foi quando Moro e sua mulher souberam que eram o alvo dos bandidos e passaram a ser escoltados.

Entenda a Operação Sequaz

• Operação

A Operação Sequaz foi deflagrada pela Polícia Federal para desmantelar um plano que mirava o ex-juiz e agora senador Sérgio Moro (União Brasil-PR). A ofensiva ocorreu cerca de 45 dias após o início das investigações

• Investigações

A PF foi acionada pelo Ministério Público de São Paulo, que identificou risco à segurança de Moro e também do promotor de Justiça Lincoln Gakiya. Mais de cem agentes foram às ruas cumprir 11 mandados de prisão em Mato Grosso do Sul, Rondônia, São Paulo e Paraná. O efetivo vasculhou 24 endereços

• Histórico

Então ministro da Justiça e Segurança Pública, Moro coordenou a transferência e o isolamento de lideranças do PCC para presídios federais, entre eles Marcola. Já Lincoln Gakiya integra o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e é responsável por investigações sobre a facção.

 

Leia o conteúdo completo do Estadão