“Meu compromisso é, sobretudo, com o Sistema Único de Saúde (SUS) e com a equipe que compõe o governo liderado pelo presidente Lula. É trazer, de fato, o cuidado para a população”, declarou a ministra da Saúde, Nísia Trindade, em entrevista que concedeu, com exclusividade, ao Ponto de Vista, programa apresentado por João Barbiero na Rede T de rádios do Paraná, na manhã deste sábado (29).
Durante a semana, a ministra cumpriu agenda no Paraná e teve passagem pela cidade de Ponta Grossa. Ela comemorou a adesão “muito positiva” do município ao Programa Mais Médicos. Conforme mencionado pelo secretário de Estado, Beto Preto, o município recebeu 10% dos profissionais acolhidos no último ciclo do programa no Paraná.
“Ainda estamos numa fase de sensibilização para um edital de coparticipação, quando os municípios também aderem a estarem participando do esforço de fixar esses profissionais médicos na atenção básica”, pontua Nísia.
Além da adesão ao Mais Médicos, a ministra também celebrou a destinação de quase R$ 8 milhões à Universidade Estadual de Ponta Grossa para a construção de um Centro de Reabilitação. Ela disse que o Ministério da Saúde pretende reforçar essas ações no Estado.
Impactos da pandemia
Quando questionada se os frequentes relatos recentes de mortes de jovens por questões cardiovasculares seriam resquícios da pandemia de covid-19, como sequelas da doença, Nísia é categórica em afirma que sequer podemos falar, ainda, em um “pós-pandemia”.
“Falamos de um pós-emergência sanitária, porque ainda temos uma intensa circulação de vírus covid-19 e suas variantes e é ainda um vírus de muito recente contato com nós humanos”, diz.
Conforme Nísia, ainda se faz necessário manter pesquisas e exercer vigilância quanto ao vírus. Uma das ações do Ministério é justamente um programa de preparação e resposta para emergências sanitárias.
“Temos que aprender com o trauma e toda a tragédia que vivemos. Infelizmente, diante dessa tragédia tivemos uma atitude de negacionismo de governo, na verdade, de abandono, eu diria, da população, que deveria contar com uma política de proteção, ainda mais tendo o SUS, que é um sistema universal que é um exemplo no mundo”, lamenta.
A ministra pontua que um dos grandes impactos da pandemia de covid-19 diz respeito não à incidência, mas ao tratamento de câncer, que foi prejudicado sobretudo porque os pacientes demoraram mais a ter o diagnóstico.
“Mas não há uma relação direta entre mais casos de acidentes ou de problemas cardiovasculares entre jovens”, refuta. O Ministério da Saúde mantém um boletim epidemiológico, que todos podem consultar, que permite acessar o quadro dessa situação de saúde no Brasil.
“Há muita coisa que é disse-me-disse. Temos buscado, justamente, recuperar a capacidade técnica do Ministério da Saúde de fazer essas avaliações e também de estar divulgando isso para a população”, frisa.
Mortalidade materna
Ainda que o represamento de cirurgias e de exames preocupe a ministra, o mais alarmante, segundo ela, é que há um fato “incontestável” e “muito negativo” sobre o Brasil, durante os anos de pandemia: dobrou a mortalidade materna. Nísia atribui esse crescimento à falta de um pré-natal adequado durante o período de emergência pandêmica. Para resolver a situação, o Ministério da Saúde decidiu retomar a Rede Cegonha, iniciativa importante nesse sentido nos governos Lula (2003-2010) e Dilma (2011-2016).
Readequação tabela-SUS
“Os hospitais filantrópicos têm tido um aporte de recursos, desde que o governo Lula assumiu, cumprimos com o que tinha sido aprovado em lei, mas não tinha sido cumprido pelo governo anterior. Nós já destinamos quase R$ 2 bilhões, num primeiro momento, para os hospitais filantrópicos. Agora, fizemos um novo aporte de recursos. Mas, de fato, há uma situação de endividamento de muitos desses hospitais, temos trabalhado em várias linhas de apoio”, observa a ministra.
Por enquanto, não é possível uma revisão completa nos valores de subsídio da tabela SUS, conforme Nísia. De imediato, para as cirurgias eletivas, foi dobrado o valor na destinação de recursos aos estados. “Estamos, progressivamente, revendo, alguns procedimentos, como é o caso da hemodiálise, da oncologia e, em breve, será também o caso da cardiologia, que teve uma portaria do governo anterior, com um efeito muito negativo. Isso é um consenso entre os secretários estaduais e municipais de saúde”, afirma.
“Queremos avançar para um financiamento mais avançado para o Sistema Único de Saúde, como um todo, e garantir recursos para que o SUS possa suprir necessidades cada vez mais complexas no Brasil”, acrescenta.
Planos de saúde
Quando indagada se o fechamento de planos de saúde pode acarretar em sobrecarga aos hospitais e serviços públicos de saúde, Nísia Trindade aponta que os planos respondem por 25% do atendimento de nossa população. “Temos uma linha de diálogo com todo o setor de saúde suplementar, até no sentido de que alguns problemas que eles detectam são comuns ao atendimento público. Quais são esses problemas? Terapias que o Brasil já poderia ter uma autonomia maior e que são caríssimas e, muitas vezes, judicializadas. Então, é nossa linha do complexo econômico industrial da saúde, o fortalecimento da atenção primária e também outra linha que o setor tem apontado muito é a questão das fraudes, algo que está na mira da discussão dos próprios planos e das agências reguladoras”, afirma.
Ponto de Vista
Apresentado por João Barbiero, o programa Ponto de Vista vai ao ar semanalmente, aos sábados, das 7h às 8h, pela Rede T de Rádios do Paraná.
A Rádio T pode ser ouvida em todo o território nacional através do site ou nas regiões abaixo através das respectivas frequências FM: T Curitiba 104,9MHz; T Maringá 93,9MHz; T Ponta Grossa 99,9MHz; T Cascavel 93,1MHz; T Foz do Iguaçu 88,1MHz; T Guarapuava 100,9MHz; T Campo Mourão 98,5MHz; T Paranavaí 99,1MHz; T Telêmaco Borba 104,7MHz; T Irati 107,9MHz; T Jacarezinho 96,5MHz; T Imbituva 95,3MHz; T Ubiratã 88,9MHz; T Andirá 97,5MHz; T Santo Antônio do Sudoeste 91.5MHz; T Wenceslau Braz 95,7MHz; T Capanema 90,1MHz; T Faxinal 107,7MHz; T Cantagalo 88,9MHz; T Mamborê 107,5MHz; T Paranacity 88,3MHz; T Brasilândia do Sul 105,3MHz; T Ibaiti 91,1MHz; T Palotina 97,7MHz; T Dois Vizinhos 89,3MHz e também na T Londrina 97,7MHz.
Confira a entrevista na íntegra: