Domingo, 15 de Dezembro de 2024

Por que Fiat voltou a dominar mercado com 5 dos 10 carros mais vendidos

2021-07-08 às 13:51

Cinco anos após perder a liderança em vendas de automóveis e comerciais leves no Brasil, a Fiat se encaminha para recuperar o posto no acumulado de 2021.

Em junho, a marca emplacou cinco dos dez veículos mais vendidos do País (Strada, Argo, Mobi, Toro e Cronos) e fechou o primeiro semestre na primeira posição geral, com 22,2% de participação de mercado – bem à frente da Volkswagen, segunda colocada, com 16,4%.

Ao longo deste ano, já são mais de 223 mil veículos novos comercializados. Segundo a Fiat, foi o melhor primeiro semestre da marca desde 2013.

Considerando apenas o mês passado, o percentual de market share da líder foi ainda mais alto (26,1%) – o maior nos últimos 14 anos.

Tudo isso acontece em um momento no qual a Fiat ainda não tem um SUV, carroceria que corresponde a mais de 30% dos emplacamentos de carros de passeio. Mas o que explica essa reação?

Apresentamos em seguida os principais fatores, com base na análise dos números de emplacamentos e também de acordo com Herlander Zola, diretor da marca Fiat no Brasil e na América Latina.

Fiat sofre menor impacto da escassez de chips

Desde 2016, quando a Fiat perdeu a liderança em volume de emplacamentos de carros de passeio e comerciais leves, esse posto foi ocupado até o ano passado pela General Motors.

No entanto, a escassez mundial de microchips e de outros componentes, agravada em 2021, teve grande impacto na GM, que desde 5 de abril está sem produzir uma unidade sequer do Chevrolet Onix, o carro mais vendido nos últimos seis anos, e do Onix Plus, outro best-seller.

Com isso, nos primeiros seis meses deste ano, a General Motors caiu para o terceiro lugar no ranking geral, com 12,38% – contra 22,2% da líder Fiat e 16,4% da vice-líder Volkswagen, cuja produção foi igualmente afetada.

É verdade que a Fiat também tem sofrido, como outras marcas, paralisações das atividades em sua fábrica de Betim (MG) por falta de peças. Contudo, aparentemente tem conseguido tocar a produção com os componentes disponíveis e, assim, disponibilizar automóveis quando rivais não conseguem.

“A gente tem conseguido gerenciar esse problema de maneira mais eficiente do que as demais montadoras. Nosso time de supply chain tem buscado alternativas no mundo todo e investido em soluções técnicas para manter a produção com a maior disponibilidade possível”, diz Zola.

Lançada em junho do ano passado, a nova geração da Strada é responsável por uma considerável parcela das vendas da Fiat ao longo de 2021.

Com pouco mais de 61 mil exemplares comercializados no primeiro semestre, a picape compacta sozinha é responsável por mais de 27% dos cerca de 223 mil veículos da marca no período.

Somando as vendas da Toro, que acaba se ser renovada e ganhar motor 1.3 turbo, a Fiat obteve mais de 54% de participação na categoria de picapes.

Segundo Herlander Zola, a nova Strada hoje vende o dobro do que vendia a geração anterior, a ponto de ser considerada um “divisor de águas” para a respectiva fabricante.

“Especialmente nas versões de cabine dupla e quatro portas [que não existiam anteriormente], a Strada passou a ser uma alternativa para muitos clientes que até então não colocavam uma picape no seu radar”.

Reposicionamento de versões e itens opcionais

e fato, a Strada tem papel estratégico no “renascimento” da Fiat no Brasil, mas a marca tem crescido em outras categorias.

A décima colocação geral do Cronos em junho é um exemplo, garantindo quase 25% de participação entre sedãs e a liderança do respectivo segmento, que não acontecia desde 2005.

Nos últimos anos, a montadora tem alterado os itens de série e pacotes opcionais para, supostamente, priorizar os equipamentos mais pedidos pelo consumidor.

“Tem sido feito todo um trabalho que envolve o conteúdo e o posicionamento de preço dos nossos produtos para ganhar competitividade”, diz Zola.

Vendas diretas bombando

Durante este ano, a Fiat conseguiu uma ampla vantagem no que se refere às vendas diretas, feitas para frotistas – especialmente locadoras de veículos.

Os números não deixam mentir: de janeiro a junho, a fabricante tem 30,9% de participação nessa modalidade de emplacamento, considerando automóveis e comerciais leves, categoria que inclui as picapes.

A título de comparação, o percentual é quase o dobro daquele obtido pela Volkswagen, segunda colocada, com 18,5%.

Ao se considerar apenas os comerciais leves, a diferença é ainda maior: 57,4% para a Fiat e 11,5% para a Volks.

Levando-se em conta vendas individuais de veículos da marca no primeiro semestre, a relevância das vendas diretas fica evidente: elas são responsáveis por 77,6% dos emplacamentos da Strada; 47,1% da Toro; 53,9% do Mobi; 36,4% do Argo; e 97% do Uno.

do UOL