Sábado, 14 de Junho de 2025

Primeira mulher indígena a presidir a Funai destaca avanços e desafios na luta por direitos

Em entrevista exclusiva ao D'Ponta News, Joenia Wapichana fala sobre sua trajetória, a importância da demarcação de terras e o papel da FUNAI na promoção da cidadania indígena
2025-06-13 às 17:46

A presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), Joenia Wapichana, concedeu uma entrevista à Rede T de Rádio, transmitida para todo o Paraná, na qual compartilhou detalhes de sua trajetória e abordou os principais desafios enfrentados pelos povos indígenas no Brasil. Primeira mulher indígena a assumir o comando da Funai e também a ser eleita deputada federal, Joenia ressaltou a importância da resistência histórica dos povos originários e a necessidade de avançar na demarcação e proteção dos territórios indígenas.

Durante a conversa, Joenia destacou que a Funai atua como órgão técnico, responsável por garantir os direitos constitucionais dos povos indígenas, especialmente no que diz respeito à demarcação das terras. Ela enfatizou que o processo é baseado em estudos antropológicos e técnicos, respeitando o contraditório e a legislação vigente. “A Funai não negocia direitos. Cumprimos uma obrigação constitucional. Cada caso é analisado individualmente, com transparência e escuta de todas as partes envolvidas”, afirmou.

A presidente também abordou temas sensíveis, como o alcoolismo em comunidades indígenas, esclarecendo que o consumo abusivo de álcool não faz parte da cultura tradicional, sendo resultado de processos externos e históricos de exclusão. Joenia reforçou que a Funai trabalha para combater ilegalidades nos territórios e promover políticas públicas de saúde, educação e geração de renda para os povos indígenas.

Outro ponto relevante da entrevista foi a mudança de terminologia oficial: “Não se fala mais índio ou índia, e sim povos indígenas ou indígenas”, explicou Joenia, ressaltando o reconhecimento da diversidade de mais de 300 povos no país. Ela também comentou sobre a importância de símbolos tra3dicionais, como o cocar e as pinturas corporais, que representam identidade e liderança dentro das comunidades.

Joenia Wapichana lembrou ainda que a luta pelos direitos indígenas é fruto do esforço de gerações e que sua presença à frente da Funai é resultado desse movimento coletivo. Ela destacou a necessidade de políticas públicas específicas para indígenas em contexto urbano e a importância da educação para o fortalecimento da cidadania indígena. “Nós temos capacidade, sim, de exercer qualquer profissão e ocupar espaços de decisão”, concluiu.