há 11 horas
Publicado por Amanda Martins

O jogo Roblox, amplamente popular entre crianças e adolescentes, removeu uma sala virtual que simulava ataques a escolas após solicitação do Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad), da Polícia Civil de São Paulo. A exclusão ocorreu na última semana, junto com a remoção de outro espaço que permitia simular ações de tráfico de drogas.
De acordo informações do portal Metrópole, a delegada Lisandrea Salvariego, chefe do Noad, a plataforma foi notificada para preservar os dados dos responsáveis, e a polícia agora investiga o caso. “Pedimos a exclusão, preservação de dados e agora vamos investigar”, afirmou. A empresa responsável pelo Roblox foi procurada pela reportagem, mas não respondeu até a publicação.
Criminosos em plataformas gamers
Investigações recentes indicam que criminosos têm usado plataformas de jogos on-line para aliciar vítimas, aproveitando-se da grande concentração de crianças e adolescentes nesses espaços. Após o primeiro contato, os alvos costumam ser levados para redes menores e menos moderadas, onde o conteúdo violento ou ilegal se intensifica.
Segundo Michele Prado, pesquisadora de radicalização on-line e fundadora do Stop Hate Brasil, plataformas como Roblox, TikTok, Instagram e Steam funcionam como “faróis” de aliciamento. “É ali que eles [os criminosos] fazem o primeiro contato, constroem uma relação e, a partir disso, exploram vulnerabilidades emocionais”, explica.
Os agentes do Noad, que atuam infiltrados 24 horas por dia, afirmam que é frequente encontrar crianças sendo manipuladas para cometer crimes, do cyberbullying a casos graves de autolesão, tentativas de suicídio e abusos virtuais, especialmente contra meninas.
Risco de radicalização e influência de conteúdos de ódio
A exposição contínua a conteúdos de ódio tem sido associada a ataques a escolas, como os ocorridos no Brasil em 2023. Para Thiago Tavares, presidente da SaferNet Brasil, o problema é profundo e socialmente perigoso. “Ninguém nasce odiando. Se alguém aprendeu a odiar, é porque foi incentivado”, afirmou.
Tavares alerta que crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade são as mais suscetíveis a esse tipo de conteúdo, que pode estimular comportamentos autodestrutivos e reforçar pensamentos suicidas.
O caso reacende o debate sobre a responsabilidade das plataformas digitais e a necessidade de monitoramento mais rigoroso para proteger jovens em ambientes virtuais.