Em 2020, um episódio envolvendo a escolha do filme brasileiro para o Oscar daquele ano gerou um confronto entre o governo federal e a Academia Brasileira de Cinema. Renata Almeida Magalhães, presidente da instituição, revelou detalhes desse episódio em artigo publicado no jornal O Globo, destacando as tentativas de interferência do governo de Jair Bolsonaro no processo de seleção.
No texto, Renata explicou que a Secretaria de Cultura, sob o comando de Bolsonaro, tentou modificar as condições do convênio com a Academia para assumir maior controle sobre a comissão responsável pela escolha do filme que representaria o Brasil na premiação. Essa tentativa de mudança aconteceu em um momento em que o filme Democracia em Vertigem, de Petra Costa, estava em evidência, embora não tenha sido escolhido pela comissão como o representante brasileiro.
A polêmica se intensificou quando o governo, erroneamente acreditando que o filme de Petra Costa tinha sido indicado para a categoria de Melhor Filme Internacional, buscou alterar as regras do convênio para garantir maior influência na seleção. Renata Magalhães explicou que a indicação do Brasil naquele ano foi o filme A Vida Invisível, de Karim Aïnouz, enquanto Democracia em Vertigem concorria na categoria de Melhor Filme Documentário, na qual foi inscrito pela Netflix.
Diante da situação, a Academia Brasileira de Cinema recorreu à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos, responsável pela organização do Oscar. A entidade americana deu parecer favorável aos cineastas brasileiros e determinou a retirada dos representantes do governo da comissão, que desde então passou a ser composta exclusivamente por membros da Academia Brasileira de Cinema.
Esse episódio ficou marcado como um momento em que o cinema nacional enfrentou tentativas externas de manipulação política, mas também como uma vitória para a independência da indústria cinematográfica no Brasil.
Informações: Terra