Em entrevista exclusiva ao programa Ponto de Vista, apresentado por João Barbiero na Rede T de rádios do Paraná, na manhã deste sábado (11), o deputado federal Aliel Machado (PV-PR) falou sobre as novas concessões de pedágio no Paraná.
“Esse assunto tem uma polêmica muito grande porque ocasionou muito sofrimento ao povo paranaense nas últimas décadas. Nós tivemos a execução de um contrato fraudulento, caro, numa situação muito difícil que penalizou a economia do estado do Paraná, as pessoas que trafegam nas nossas rodovias, e também o cidadão, já que o preço dos serviços sofrem impacto muito grande com a tarifa do pedágio”, disse.
“Houve uma ineficiência, uma incapacidade do Governo do Estado do Paraná, responsável por fazer a gestão do fim do contrato, e uma morosidade para apresentar um projeto capaz de resolver os problemas e ter a continuidade do pedágio porque nós não somos contra ter o pedágio. Somos contra ter um preço injusto, um contrato que não garanta a execução das obras, somos contra a morosidade”, afirmou.
“Tivemos o fim dos contratos, porém a falta de manutenção, falta de investimento durante esse período também está ocasionando uma reclamação muito grande por parte dos usuários”, ressaltou. “Nós não temos a cobrança do pedágio, mas nós temos falta de atendimento nas rodovias, falta de de manutenção nas rodovias, também uma situação que causa prejuízo”, aponta.
Ao citar as rodovias federais, que estavam sob responsabilidade do Governo Estadual, o deputado afirmou que o Governo Bolsonaro, durante a discussão com o Executivo paranaense, havia feito sugestões para o contrato “que nos causavam calafrios. Modelo de aplicação que seria muito ruim à população paranaense”. Ao ser questionado sobre que sugestões seriam essas, Aliel afirmou que a outorga lhe assustava. “Outorga é quando você entrega uma concessão mas você cobra uma espécie de imposto dessas empresas para o caixa do Governo”, conta. “Isso onera muito o preço da tarifa”, aponta.
Aliel também elencou, como entre os itens preocupantes discutidos com a gestão anterior, o leilão. “Também o modelo que fazia com que a possibilidade no leilão de ter um desconto maior, ele era limitado. Portanto ele beneficiava essas pedageiras”, comenta.
O deputado federal ressaltou a união de grupos políticos no estado para a discussão do assunto pedágio. “Outras coisas no contrato que nós ainda estamos discutindo mas que já avançamos muito. A mobilização que teve com a participação de personalidades políticas do nosso estado, e aí foi uma união mesmo de grupos, ajudou muito com que a gente conseguisse segurar, porque um contrato de 30 anos, quando feito, você, a exemplo do anterior, não tem mais como ficar chorando o leite derramado”, pontua.
Aliel destaca o papel fundamental exercido pela deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, do deputado Arilson Chiorato, do deputado estadual Luiz Claudio Romanelli e da Frente Parlamentar da Assembleia Legislativa. “Foram muito importantes porque tentaram colocar isso ‘goela abaixo’ no Governo Federal anterior e a continuidade do Governo Ratinho, e felizmente nós conseguimos segurar isso”, diz. “O Governo do Ratinho, através do governador, compreendeu isso. Tanto é que já tivemos mudanças significativas nessas propostas que estamos dizendo aqui. O modelo já não é o modelo como outorga, e isso já é um avanço muito importante. E agora o novo ministro dos Transportes, Renan Filho, junto com o Governo do Presidente Lula está se inteirando de todas essas ações, mudando algumas coisas importantes, para que a gente possa avançar e ter um pedágio com preço justo e um modelo que garanta as obras que o Paraná precisa para o seu desenvolvimento”, afirma.
O parlamentar fala sobre o novo modelo proposto. “O modelo pede agora o leilão dos lotes 1 e 2, que são os lotes mais atrativos pela quantidade de veículos – pega a região de Ponta Grossa, a Região Metropolitana de Curitiba, pega a saída para o Porto de Paranaguá”, conta. “Só que se você faz o leilão desses dois lotes, pode significar que os outros sejam menos atrativos, portanto o preço da tarifa pode ser muito mais elevado e isso pode prejudicar o interior do estado”, diz. “É equivocado você fazer essa separação. Talvez, o ideal fosse equiparar os lotes bons com os não tão bons para que o modelo da tarifa seja um modelo melhor e o preço seja mais justo”, afirma.
Aliel revela uma reunião com o ministro dos Transportes, Renan Filho, onde a questão foi discutida. “Eu abordei com a nossa bancada, principalmente o que vai acontecer até sair o pedágio, cobrando do ministro os investimentos necessários de manutenção. A boa notícia é a garantia que nós tivemos, com a aprovação da PEC da Transição que garantiu recursos para o Governo Federal. O Governo Lula está investindo nesse ano de 2023, quase quatro vezes mais do que foi investido no ano passado na manutenção das rodovias que foram abandonadas pelo Governo Bolsonaro”, conta. “Somente em 2023 estão sendo aplicados R$440 milhões de manutenção das rodovias paranaenses”, diz.
Machado critica os acordos de leniência e ressalta a quantidade de mortes ocorridas em virtude da não realização de obras por parte das pedageiras. “Esse acordos de leniência, que vergonha! Que horroroso, que nojo que dá disso, sem a participação da sociedade. Quem foi que decidiu isso?”, questiona. “Foi um ou dois promotores? Teve acordo político em relação a isso? E as outras obras? E o valor que diminuíram das tarifas? E esse contrato fraudulento?”, segue. “Mas espero que a partir de agora a gente tenha um modelo que traga desenvolvimento, que seja justo e que a pessoa faça daquele jeito, para e diga ‘to gostando de pagar, tá valendo a pena pagar, to tendo o retorno necessário”, finaliza.
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