Sexta-feira, 20 de Junho de 2025

STF julga se integrantes do núcleo 3 de suposta trama golpista viram réus; ao vivo

Primeira Turma analisa nesta terça-feira (20) denúncia contra grupo acusado de ações táticas para pressionar Forças Armadas e impedir posse de Lula
2025-05-20 às 10:42
Foto: Tércio Teixeira/AFP

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou nesta terça-feira (20) o julgamento que pode transformar em réus 11 militares do Exército e um policial federal, integrantes do chamado “núcleo 3” da suposta trama golpista investigada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo as investigações, esse grupo era responsável por executar ações táticas para pressionar o alto comando das Forças Armadas a aderir à tentativa de golpe de Estado, visando impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva em 2023 e manter Jair Bolsonaro no poder.

Quem são os acusados e do que são suspeitos

O núcleo 3 reúne oficiais de alta patente – entre generais, coronéis e tenentes-coronéis – além de um agente da Polícia Federal. Eles respondem por crimes como:

  • Organização criminosa armada

  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito

  • Tentativa de golpe de Estado

  • Dano qualificado pela violência e grave ameaça

  • Deterioração de patrimônio tombado

Os nomes dos denunciados são:

  • Bernardo Romão Correa Netto (coronel)

  • Cleverson Ney Magalhães (coronel da reserva)

  • Estevam Theophilo (general da reserva)

  • Fabrício Moreira de Bastos (coronel)

  • Hélio Ferreira (tenente-coronel)

  • Márcio Nunes de Resende Júnior (coronel)

  • Nilton Diniz Rodrigues (general)

  • Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel)

  • Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel)

  • Ronald Ferreira de Araújo Júnior (tenente-coronel)

  • Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros (tenente-coronel)

  • Wladimir Matos Soares (policial federal)

O papel do núcleo 3, segundo a PGR

Conforme a denúncia, o núcleo 3 seria o braço operacional do plano golpista, encarregado de executar medidas concretas para viabilizar a ruptura institucional. Entre as ações atribuídas ao grupo estão:

  • Reuniões com militares da ativa e da reserva para pressionar o Alto Comando do Exército

  • Redação e circulação de documentos com teses jurídicas favoráveis à intervenção militar

  • Elaboração de planos logísticos para ocupação de prédios públicos e prisão de autoridades, incluindo ministros do STF

  • Disseminação de notícias falsas e ataques virtuais para desmoralizar comandantes militares resistentes ao golpe

  • Monitoramento e suposto plano de sequestro do ministro Alexandre de Moraes, do STF, segundo áudios obtidos pela Polícia Federal

O agente da Polícia Federal, Wladimir Matos Soares, é apontado como responsável por repassar informações sobre a agenda do presidente Lula e por declarações em que afirmava ter organizado um grupo disposto a impedir a posse do petista “a qualquer custo”.

Contexto do julgamento

A denúncia contra o núcleo 3 é parte de um inquérito maior, que já resultou na aceitação de denúncias contra outros núcleos da suposta organização criminosa, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro e o general Walter Braga Netto. Até agora, 21 pessoas já se tornaram rés por envolvimento na trama golpista. Após o julgamento do núcleo 3, restará somente a análise da denúncia contra o empresário Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente João Figueiredo.

O julgamento pode se estender por até três sessões sendo conduzido pelos ministros Alexandre de Moraes (relator), Cristiano Zanin (presidente da Primeira Turma), Cármen Lúcia, Flávio Dino e Luiz Fux.