Sexta-feira, 18 de Julho de 2025

Taxação de Trump já trava exportação de pescado catarinense; sindicato considera que medida “caiu como um tiro”

2025-07-17 às 15:20

A imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo governo dos Estados Unidos, sob a liderança do presidente Donald Trump, já começa a impactar o setor pesqueiro de Santa Catarina. Embora a medida só entre em vigor oficialmente em 1º de agosto, empresas da região estão suspendendo exportações, temendo perdas financeiras significativas.

Uma das indústrias afetadas, sediada em Itajaí, cancelou o envio de 12 contêineres ao mercado norte-americano. Em um dos casos, o valor da nova alíquota corresponde à metade do preço da carga. Desde que o mercado europeu se fechou para o pescado brasileiro em 2018, os Estados Unidos tornaram-se o principal destino das exportações nacionais do setor, concentrando 56% do volume total enviado ao exterior.

O presidente do Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região (Sindipi), Agnaldo Hilton dos Santos, considera a situação crítica: “Essa notícia caiu como um tiro na gente. Infelizmente, a gente vai ter que mudar esse cenário. Agora cabem às questões governamentais”, declarou ao portal DIARINHO.

Santa Catarina exportou cerca de US$ 40 milhões em pescado em 2024. Desse montante, mais de US$ 13 milhões tiveram como destino os Estados Unidos — cerca de um terço do total. “O mercado americano é muito interessante para o setor, não só catarinense, como para o Brasil”, afirmou Agnaldo.

Os principais produtos impactados pela nova tarifa incluem espécies amplamente exportadas por Santa Catarina. Segundo dados do setor, a meca (espadarte) teve 100% de sua produção destinada aos EUA. A corvina, por sua vez, teve 66% do volume exportado direcionado ao mercado norte-americano, enquanto a tilápia respondeu por 30% das exportações ao mesmo destino.

“A tilápia tem um grande reflexo, então esse é um mix das indústrias. Esperamos que o governo possa articular e melhorar as questões de alíquota. E não só esse mercado americano, que é interessantíssimo, mas temos que abrir novas fronteiras: a comunidade europeia, o mercado asiático. Queremos, cada vez mais, exportar. Isso é importante pro setor e no crescimento total”, acrescentou Agnaldo.

Diante do cenário, o Sindipi enviou um ofício ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, além de uma solicitação ao Palácio do Planalto, cobrando medidas para enfrentar os efeitos da tarifa e buscar alternativas comerciais.

A busca por novos mercados é considerada essencial para reduzir a dependência do setor em relação aos Estados Unidos. “Acredito que temos de abrir novos mercados e reduzir barreiras comerciais, reforçando as relações comerciais com o Oriente Médio, o sul asiático, o continente africano e a América do Sul”, avaliou Geraldine Coelho, engenheira de alimentos e assessora da indústria do Sindipi.