Domingo, 15 de Dezembro de 2024

“A saúde é o grande motivador de eu participar da política”, afirma Dr. Magno, candidato a federal

2022-08-29 às 14:25

O programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), recebeu nesta segunda (29), o médico pneumologista Dr. Magno Zanellato, candidato a deputado federal pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

Natural de Curitiba, o candidato tem 51 anos, dos quais dedica os últimos 27 ao exercício da medicina. Atua profissionalmente em Ponta Grossa há 22 anos e iniciou sua trajetória política há seis, quando foi eleito vereador, pelo PDT. Dois anos depois, chegou a ser eleito suplente de deputado estadual e voltou a ser candidato a vereador em 2020.

“A saúde é o grande motivador de eu estar participando da política, porque é a área em que atuo e consigo observar vários problemas, que acreditamos ter uma solução um pouco diferente do que vemos quem atua na parte política querer resolver”, resume o postulante à Câmara Federal.

Magno destaca que não é só Ponta Grossa que enfrenta problemas na área da Saúde, mas pontua que a estrutura hospitalar daqui acaba tendo que dar conta da demanda oriunda de vários municípios da região, que tinham hospitais que fecharam. Entre os exemplos, aponta Imbituva, onde a demanda de atendimento SUS do Hospital São João de Santa Cruz acabou sendo redirecionada para a Santa Casa de Irati ou para os hospitais de Ponta Grossa, e do Hospital Carolina Lupion, de Jaguariaíva, que teve gestão privatizada.

O candidato observa que, há duas décadas, esses municípios davam conta de atender à demanda de saúde, com seus hospitais e população aproximada de 25 mil pessoas. Vinte anos depois, com crescimento populacional e equipamento sucateado, esses municípios lotam ônibus, diariamente, de pacientes trazidos para cá.

“Daí você escuta, num noticiário nacional, instituições grandes também, que mexiam com o SUS, como o Hospital A. C. Camargo (SP), falando em descontinuar tratamento dos pacientes do SUS”, comenta, ao citar o hospital oncológico do bairro da Liberdade, em São Paulo, que chegou a anunciar o encerramento do atendimento via SUS, mas que voltou atrás.

Segundo o médico, a desatualização da tabela do SUS é o grande problema enfrentado pelas entidades hospitalares filantrópicas, como a Santa Casa de Misericórdia e o Hospital Bom Jesus, que, juntas, atendem a 70% dos pacientes do SUS. De acordo com ele, alguns insumos, como o papel filme para um raio-x, tiveram aumento de 400%, mas o valor que se paga pelo exame não sofreu reajuste. Da mesma forma, pelas consultas se paga o mesmo valor de 15 anos atrás.

“São instituições ‘privadas’, filantrópicas, não têm fins lucrativos, mas são hospitais que trabalham enxuto, fazendo economia, o máximo de economia possível, mas prestando o melhor atendimento possível”, comenta.

Magno opina que o máximo que se pode fazer na saúde já é feito, com os recursos disponíveis. Ele acredita que mais recursos precisam ser investidos justamente nas instituições consagradas, a exemplo da Santa Casa e do Bom Jesus, que sempre atenderam à população.

A burocracia é outro problema que o candidato cita, sobre a vinda de recursos. “Fui visitar Prudentópolis, que abriu 10 leitos de UTI pelo Governo do Estado. Se colocou um tomógrafo nesse hospital, porque, para ter UTI, é preciso ter um tomógrafo”, conta. O mesmo hospital obteve verba parlamentar para um aparelho de raio-x e uma terceira emenda, para uma máquina de lavar industrial.

Uma nova emenda parlamentar, segundo o candidato, assegurou mais um raio-x novo para a entidade e o aparelho permanece encaixotado, sem uso e sem poder ser devolvido ou redirecionado a outro hospital.

Magno ressalta que a manutenção mensal de um leito de UTI custa três vezes o valor de sua instalação. “Esse que é o problema. Para funcionar a estrutura é que não se está dando a devida atenção”, critica.

Falta de médicos nas UBS

Magno observa que, na gestão anterior, enquanto foi vereador, havia o problema de que, enquanto o município tinha 54 postos de saúde, havia, no máximo, 50 médicos para atender. O ideal – ele avalia – seria de dois a três médicos por unidade, algo entre 108 e 162 profissionais. “No final de 2020, chegou a ter 20 ou 15 médicos e a contratação de 60, para uma carga horária de 40 horas semanais, para atender das 8h às 18h. Aquele modelo que não consegue ocupar as unidades de saúde”, pontua.

O candidato sugere que o município deveria adotar contratos com carga horária menor para atrair mais médicos e, em vez de contratar um médico para 40 horas semanais, contratasse dois para 20 horas cada. “Na atividade médica, na maior parte das vezes, o médico quer ter um emprego público, mas que não pode ocupar a carga horária diária total. Por que não viabilizar isso?”, questiona.

Serviço público com autonomia

“Os serviços públicos devem ter independência, autonomia da questão político-partidária. Acho que esse é um grande problema que temos com a política do nosso país”, analisa. O candidato frisa que, a depender do comando numa Prefeitura, se uma pessoa é amiga do prefeito ou de determinado vereador, consegue resolver um problema pontual de saúde. E essa questão, segundo ele, não se restringe a essa pasta.

“Não deveria acontecer isso. O serviço público é para todos e deve ser prestado igual, independente de interferência política”, avalia.

Apoio

“Tenho visto e sentido dificuldade de conseguir apoio para uma campanha, porque existem grupos políticos”, lamenta o candidato. Magno indica que há prefeituras “fechadas” com determinados candidatos que já são deputados, porque trouxeram determinada emenda parlamentar, como se a vinda de emendas futuras dependesse, exclusivamente, desses deputados.

“Se esse deputado trouxe, eu posso trazer também, outra pessoa que ocupe o cargo pode trazer. O dinheiro é público”, sustenta. Na visão do candidato, o recurso de emendas parlamentares não pode, de forma alguma, estar atrelado a este ou aquele deputado e ser usado como moeda de troca para a manutenção de um cargo ou mandato.

“Quanto mais independência tiver a política da prestação de serviços, acho que nossa sociedade vai progredir bastante. Não deixar o servidor do serviço público sofrer a pressão do comando de quem está dirigindo para que faça da maneira que ele quer, como ele quer, daquele jeito. Não. Tem que funcionar igual para todo mundo, sem interferência. As coisas iriam bem melhor, no meu ponto de vista”, analisa.

Magno afirma que quis se candidatar por não se ver representado na Câmara, nem entre as demais candidaturas. “A participação eu vejo necessária, para todos aqueles que querem ser ouvidos, que querem ver algo diferente acontecer”, diz.

O postulante à Câmara Federal defende que o mandato político deve ser visto como uma participação, em busca da defesa do interesse público. “Acho que deveríamos pensar mais na atuação política como participação e não como carreira”, opina.

Magno frisa que as pessoas sempre questionam a experiência política, pois enraizaram a ideia da política como carreira. “A experiência faz parte. Tem muita gente que não tem experiência política, mas tem muito a contribuir na política”, diz.

Dobradinha

Em “dobradinha” com a candidatura de Ricardo Zampieri a deputado estadual, Magno avalia que o PTB tem condições de eleger um deputado federal e até um segundo, na “sobra”. “Por exemplo, se um partido com 30 candidatos a deputado federal fizer 170 mil votos, vai eleger um deputado federal”, acredita.

O que Magno menciona é o que a Justiça Eleitoral chama de voto proporcional, cujo resultado depende do Quociente Eleitoral – a soma dos votos válidos, nominais e de legenda, dividido pelo número de cadeiras – e Quociente Partidário – número de votos da coligação dividido pelo QE.

“É o partido com mais viabilidade de se eleger. Deve fazer uns dois deputados estaduais e deve fazer um ou talvez até um segundo federal”, estima. Magno acredita que a viabilidade de eleger deputado é concreta, porque o PTB traz 30 candidatos para que, ao menos, um possa garantir uma cadeira no Congresso.

“Acho que nossa cidade, nossa região, toda a região dos Campos Gerais merece ter, pelo menos, uns três representantes daqui, porque é uma região muito grande em questão de população e de quem representa essa região aqui, atua uma comunidade bastante grande em termos de população do Estado do Paraná”, afirma.

Confira a entrevista do candidato Dr. Magno na íntegra: