O uso de uma das aeronaves contratadas pelo Governo do Paraná no enfrentamento de incêndios florestais reduziu em cerca de 4 horas o combate em uma ocorrência em Palmeira na tarde da última terça-feira (24). O apoio aéreo também impediu que a ocorrência fosse ainda mais grave: o fogo chegou perto dos paióis de pólvora que o Exército mantém na localidade.
O incêndio na Região dos Campos Gerais foi contido após cinco horas, começando por volta das 13h30 e sendo contido por volta das 18h30. O fogo atingiu uma área de aproximadamente 307 hectares na Fazenda Baroneza, de propriedade do Exército, onde atua a 2ª Companhia do 5º Batalhão de Suprimento.
O comandante do Grupamento do Corpo de Bombeiros de Ponta Grossa, tenente-coronel Rafael Lorenzetto, sobrevoou o local na manhã desta quarta-feira (24). Segundo o comandante, o fogo chegou próximo a alguns dos paióis, cujas estruturas já são reforçadas como forma de precaução diante de incêndios. Os paióis têm paredes duplas e aceiros no entorno que evitam o avanço das chamas. Mesmo assim, a preocupação era de que o fogo chegasse a essas estruturas. “Em cinco paióis o fogo parou no aceiro, que são estradas com o solo raspado. Felizmente não colocou em risco nenhum deles”, afirmou Lorenzetto.
Baseado no Aeroclube de Ponta Grossa, a 35 km da ocorrência, o avião entrou em combate cerca de 10 minutos após decolar. Para Lorenzetto, essa ação conjunta com o trabalho em solo dos bombeiros e de militares do Exército reduziu substancialmente o tempo necessário para eliminar o incêndio. Durante a ação, as equipes locais enviaram a georreferência dos pontos mais críticos e, dessa maneira, o piloto pôde despejar a água no ponto exato.
“Sem a aeronave entraríamos noite adentro no combate às chames, teríamos que fazer aceiros naturais. Nessa ocorrência tivemos pontos em que o avião combateu sozinho a frente de fogo. Foi uma experiência inédita para gente no Estado”, detalha Lorenzetto.
Na ocorrência foram consumidos 50 mil litros de água com a ajuda de dois caminhões com capacidade de até 5 mil litros e um veículo 4×4 preparado para salvamentos em diversos tipos de terreno e ambientes.
Agilidade
Nas cinco horas de atuação, a aeronave realizou 10 viagens. Em cada uma foram despejados 900 litros de água, divididos em dois lançamentos cada.
“O auxílio do avião fez diferença porque é muito rápido o lançamento de água, o que facilita para a nossa tropa combater no terreno. Isso diminui muito a quantidade de chamas e a intensidade”, completa o comandante.
Há uma semana, o Governo do Paraná contratou 600 horas/voo exclusivas para o combate a incêndios florestais. Esta medida faz parte de um pacote de ações no qual o Governo do Paraná investiu R$ 24 milhões para combater os incêndios florestais no Estado.
Nas próximas ações, segundo o tenente-coronel, serão utilizados rádios aeronáuticos para facilitar a comunicação entre o piloto e a equipe de solo, tornando a interação ainda mais rápida e a resposta ainda mais breve.
Aeronaves à disposição
Devido às temperaturas muito altas e umidade relativa do ar abaixo dos 30%, além de ventos fortes, há preocupação de que outros grandes incêndios possam ocorrer na região. O comandante Lorenzetto reforça que se necessário o Corpo de Bombeiros vai acionar novamente a aeronave, que faz uma grande diferença na capacidade de atendimento a estes incêndios.
Os aviões podem ser acionados para qualquer local do Estado que estiver com situações como essa, fortalecendo a proteção às matas, florestas e toda a população nas proximidades destas áreas. Além da base em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, há também outra aeronave à disposição em uma base em São Gabriel do Oeste, no Mato Grosso do Sul, perto da divisa com o Noroeste do Paraná, outro ponto crítico das ocorrências de incêndio no Paraná.
O Paraná está em situação de emergência em todo Estado por causa da estiagem que atinge vários municípios. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o Paraná registrou até o último domingo (22) o total de 11.927 incêndios florestais no ano de 2024. Isso significa que, em cerca de 20 dias, esse número aumentou 17%. Até o dia 1º de setembro, o Estado havia acumulado 10.187 casos desta natureza. O problema só não foi maior por causa das chuvas durante o mês, que ajudaram a reduzir a média de ocorrências diárias.
da AEN